Depois de herdarem fortunas familiares, há bilionárias na América. É o caso da mexicana María Asunción Aramburu Zabala, a chilena Iris Fontbona, ou a colombiana Beatriz Davil. Elas há muito tempo estão nas listas das pessoas mais ricas do mundo. Mas agora, pela primeira vez na história, uma mulher latino-americana se tornou multimilionária por seus próprios méritos, um recorde conhecido como self made billionaire, ou a bilionária que se fez sozinha. Ela é Cristina Junqueira, cofundadora e CEO do banco digital brasileiro Nubank, a dona agora de uma fortuna de US $1,3 bilhão, depois que a empresa fez sua estreia no começo de dezembro deste ano em Wall Street blackjack 21. Estudante na Universidade de São Paulo, após se formar como bacharel em engenharia, Cristina foi para os Estados Unidos fazer um mestrado em administração de empresas pela Northwestern University. Depois começou a trabalhar como consultora no Boston Consulting Group. Mas um dia, com apenas 24 anos de idade, decidiu ingressar no setor bancário, supervisionando uma carteira de cartões de crédito na empresa Itaú Unibanco. Numa entrevista para a revista Fortune ela diz: “Trabalhei para o maior banco do Brasil por cinco anos e acabei deixando os ricos mais ricos. Falhei miseravelmente. E em algum momento pensei, acabou.”
Mas nada tinha acabado
Era o ano 2013, e pelo contrário começou o sonho de criar uma startup, ao mesmo tempo que conheceu o colombiano David Vélez. Os dois, junto com o americano Edward Wible, fundaram o banco digital Nubank. O trio fundador e um grupo de engenheiros começaram a trabalhar em uma casinha localizada no bairro do Brooklin, em São Paulo. Quando estavam tentando conseguir um financiamento, Junqueira engravidou de sua primeira filha, Alice. Grávida de sete meses, viajou para a Califórnia para se encontrar com potenciais investidores e tomar decisões bem difíceis. O tempo passou, e oito anos depois, o Nubank é um dos maiores bancos digitais do mundo, com um valor de mercado de cerca de US $48 bilhões. Hoje Cristina Junqueira, de 39 anos, comanda a empresa no Brasil. Mãe de duas filhas e de outra a caminho, a banqueira frequentemente discute os desafios do equilíbrio entre vida pessoal e profissional e não tem problema nenhum em incluir parte de sua vida familiar em sua conta do Instagram, por exemplo.
Apenas um 3 por cento
Cristina Junqueira foi a única brasileira a figurar na edição 2020 das Mulheres Mais Poderosas do Mundo da Fortune. E também na lista que reconhece líderes com menos de 40 anos que estão mudando o mundo dos negócios. Muito poucas mulheres que não são não herdeiras se posicionam entre os bilionários. Porque as mulheres que fizeram grandes fortunas por meio de seus próprios esforços representam apenas 3% das 500 pessoas mais ricas do mundo, de acordo com o Índice de Bilionários da Agência Bloomberg. Apesar das mudanças, a lista continua sendo predominantemente branca e masculina, segundo a mídia americana. E embora a disparidade de gênero seja um problema em todo o mundo, é mais pronunciada na América Latina. No nosso continente apenas 1% das empresas que compõem o índice de referência do Brasil têm uma mulher como presidente, diante do 6% do índice Standard & Poor 's 500.
