Gilberto Ramalho, que vive com dois corações, comemora vida nova.
Os números de doações de órgãos para o ano 2010 já se classificam como positivos. Quem afirma isto é o coordenador da Central de Transplantes, médico Carlos Alexandre. De acordo com ele, é possível observar este aumento através de dados estatísticos do setor no primeiro semestre deste ano.
Em 2007, foram realizados 14 transplantes de córneas e 17 de rins. Este ano, os dados para o primeiro semestre identificam 44 transplantes de córneas, dois de coração e dez renais. Carlos Alexandre acredita em prognósticos positivos para 2010. A fila de espera para córneas, por exemplo, era de sete anos em 2007 e caiu para um ano e meio em 2010.
“O resultado é fruto do aprimoramento do trabalho de captação nos hospitais e da implantação do Serviço de Assistência à Vida (SAV) no Hospital Geral do Estado (HGE). Para se ter idéia, em apenas um fim de semana de abril tivemos duas doações de coração, quatro de rins e três de córneas”, destacou.
Projeto do Governo do Estado voltado para manter o paciente de morte encefálica em condições favoráveis para que se torne um possível doador de órgãos, o SAV garante a funcionalidade dos órgãos do possível doador.
Nele, os profissionais do serviço têm como função identificar pacientes que possam ser potenciais doadores e acompanhar o processo de realização de exames para viabilizar a doação. São aproximadamente 30 profissionais, entre médicos intensivistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem, escolhidos por terem bom relacionamento com os demais profissionais e conhecimento das rotinas do hospital.
“Esse projeto representa um avanço na busca pela ampliação do número de pacientes beneficiados por um transplante no Estado. O SAV já está auxiliando à Sesau na viabilização de novos doadores”, afirma o gerente geral, Carlos Alberto Gomes.
De acordo com ele, o Serviço é prioridade da Secretaria de Saúde e do hospital pela importância que representa à saúde da população alagoana. “É uma satisfação acompanhar o desenvolvimento do setor e ver de perto sua importância à Saúde, através das doações realizadas”, disse.
Transplante – Gilberto Ramalho Xavier, que vive com dois corações, conta ter mudado a visão que tinha do mundo depois que ganhou uma sobrevida graças a um coração novo. “Sinto-me a pessoa mais privilegiada do mundo. Não sei nem explicar a sensação de felicidade que tive ao receber o novo coração”, relata.
Os problemas de Gilberto Ramalho começaram em 1993, quando teve um infarto. Portador da doença coronariana obstrutiva severa, Gilberto também teve aneurisma de ventrículo esquerdo e miocardiopatia dilatada, popularmente conhecida como coração crescido. Após uma cirurgia de reconstituição do coração, foi constatada a necessidade do transplante. Em agosto de 2009, recebeu um novo coração. A recuperação foi boa. “É um procedimento complexo, a gente passa por um período de recolhimento, mas foi incrível, não tive nenhuma rejeição. Hoje estou trabalhando e levo uma vida normal”, comemora.
A aposentada do INSS, Darcy de Oliveira Santos, 64 anos, foi submetida a um transplante renal há pouco mais de dez meses. Com as funções renais comprometidas por causa da hipertensão, Darcy era submetida a diálise três vezes por semana.”A hemodiálise estava me causando muitos problemas, a minha única solução era realizar a cirurgia e esperar pelo órgão de um doador falecido. Hoje, subo escadas, corro. É uma bênção”, vibra.
Espera – Atualmente, há aproximadamente 600 pessoas na lista de espera por um transplante em Alagoas. “As pessoas que esperam por um órgão contam os dias, as horas e os minutos à espera de uma notícia que pode significar a diferença entre a vida e a morte. A fila de espera por um órgão é organizada por ordem de chegada, compatibilidade de anatomia e tipo sanguíneo entre o doador e o receptor. Para equacionar melhor as demandas por transplantes, é necessário aumentar o número de doadores. Muitas vidas têm sido salvas a cada ano”, disse Carlos Alexandre, enfatizando que aumentar o número de doadores é o grande objetivo a ser perseguido.
Dados Brasil – O Brasil registrou, em 2009, número recorde de doadores de órgãos. Foram 1.658 ou 8,7 doadores por milhão da população (ppm). Isso representa um crescimento de 26% em relação ao ano anterior (7,2 ppm), quando foram apurados 1.317 doadores. O número de transplantes realizados no país, incluindo córneas e medula, cresceu 5%. A produção em 2008 foi de 19.307 e, em 2009, a quantidade de transplantados chegou a 20.253.
O Brasil ultrapassou a marca de 1 milhão de doadores de medula tornando-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo. O país fica atrás apenas dos registros dos Estados Unidos (5 milhões de doadores) e da Alemanha (3 milhões de doadores).
