O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Alagoas (Crea) está a favor da implantação do estaleiro Eisa no Estado. A posição do Conselho foi tomada após a realização de um debate técnico, durante sessão plenária ocorrida no último dia 13, no auditório da entidade, com o geólogo e professor da Ufal Carlos dos Anjos, que coordenou os estudos de EIA (impacto ambiental) e RIMA (relatórios de impactos ambientais) no local onde será feita a obra.
O Crea, que é composto de 38 conselheiros de diferentes modalidades de engenharia, discorda do parecer elaborado pelas ambientalistas do Ibama, porque, segundo o presidente Aloísio Ferreira de Souza, não está tecnicamente completo e, portanto, negar a licença do empreendimento é o mesmo que condenar Alagoas a permanecer sendo o maior usuário do Bolsa Família.
O estaleiro, no entender do Crea, não vai criar bolsão de favelas e nem causar impactos na região do Nordeste haja visto que em Pernambuco tem três estaleiros que, ao invés de causar miséria, como consta no relatório do Ibama, tem gerado emprego e renda.
Por outro lado, o plenário do Conselho Regional quer que haja um debate entre os interessados, com a participação do IMA e Cepram, onde todos os critérios, cuidados e medidas mitigadoras possam ser observados. O Crea concorda que o Instituto do Meio Ambiente é o órgão que assumirá a responsabilidade de conceder a licença para o funcionamento do estaleiro.
“O Estado deverá promover um planejamento elaborando o Plano Diretor que envolva toda a região impactada, do ponto de vista social, econômico e ecológico, naquela área compreendida entre Piaçabuçu e São Miguel dos Campos”, diz o presidente do Crea.
Ele ressalta a importância da melhoria e ampliação dos aeroportos de Arapiraca e Penedo, de um aterro sanitário regional e de outras medidas para facilitar a implantação e operação do empreendimento que vai fazer o Estado crescer com a indústria naval e gerar muitos empregos para os profissionais da terra.
Descentralização
Outro fator de importância, na visão do Crea, é a questão do processo de descentralização de estaleiros, uma vez que a maioria deles está concentrada no Sul do país. A implantação do Eisa é uma autêntica obra de engenharia. Segundo o presidente do Crea, o empreendimento vai abrir mercado para profissionais da engenharia mecânica, elétrica, geólogos, geógrafos, meteorologistas, arquitetos, agrônomos e técnicos industriais. Para ele, essa é uma a oportunidade ímpar de Alagoas acompanhar o desenvolvimento que já ocorre em outros Estados.
Aloísio lembrou também que a Ufal tem o curso de engenharia civil como um dos mais bem conceituados do Brasil, sendo o primeiro do Nordeste, e que vários profissionais estarão tecnicamente capacitados para trabalhar no estaleiro que vai operar mudanças no perfil socioeconômico da região com a oferta de 5 mil empregos diretos e 22 mil indiretos, com o fortalecimento do turismo local e a criação de novos hotéis e restaurantes. Ferreira ressaltou mais uma vez a necessidade de uma ampla audiência pública em que todos os meios tecnológicos de mitigação dos impactos ambientais sejam empregados dentro de uma política de desenvolvimento sustentável.