
Monsenhor Luiz Marques Barbosa de Arapiraca, flagrado praticando sexo com um ex-coroinha de sua paróquia
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, presidida pelo Senador Magno Malta (PR-ES), apresenta nesta quinta-feira, 16, relatório final sobre o trabalho investigativo desenvolvido pela Comissão durante quase três anos nos estados de Goiás, Roraima, Pará, São Paulo, Espírito Santo, Piauí, Amazonas, Bahia e Alagoas.
O relatório de 1.995 páginas relaciona casos de pedofilia e ações desenvolvidas pela polícia nos nove estados que a CPI esteve presente, analisando inclusive casos de crimes sexuais praticados pela internet.
De acordo com o senador Demóstenes Torres (Dem-GO), políticos, religiosos e magistrados são apontados no relatório como suspeitos pela prática dos crimes investigados pela Comissão.
As investigações da Polícia Civil em Alagoas, concluíram que os suspeitos dos crimes sexuais eram religiosos que atuavam na cidade de Arapiraca, localizada no Agreste alagoano. As investigações iniciaram com as denúncias feitas por ex-coroinhas que foram exibidas pelo programa Conexão Repórter exibido pelo SBT e apresentado pelo jornalista Roberto Cabrini. A denúncia tomou proporções gigantescas, gerando inclusive manifestação do Papa Bento XVI que emitiu nota repudiando determinados atos.
Suspeitos não serão indiciados pela CPI
O senador Magno Malta informou que os suspeitos pelos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes apontados no relatório final não serão indiciados pela CPI porque os envolvidos, durante o desenrolar das investigações, acabaram confessando ligação com os casos, o que resultou no indiciamento judicial automático, resultando inclusive na prisão de alguns deles, como no caso do Monsenhor Luiz Marques Barbosa de Arapiraca, flagrado praticando sexo com um ex-coroinha de sua paróquia.
O relatório menciona ainda casos de grande repercussão e comoção nacional, crimes que chocaram a população devido à forma cruel e desumana como foram praticados. Um desses casos é o do assassinato dos seis jovens de Luziânia, cidade de Goiás, localizada a cerca de 50 km de Brasília. O acusado já havia sido condenado a 14 anos de prisão pela prática do crime de estupro, e estava no regime semi-aberto quanto cometeu o crime.
“Conclui-se, assim, que o componente sexual foi o principal motivo das ações. Isso demonstra cabalmente que a pedofilia pode produzir atentados não só à liberdade e dignidade sexual de crianças e adolescentes, como também levá-las ao extermínio físico”, diz trecho do relatório.
Pará registra crimes sexuais em todos os municípios do estado
O estado do Pará apresentou números alarmantes quanto a prática de pedofilia. De acordo com o relatório final da CPI, todos os 143 municípios do estado registraram crimes sexuais à crianças e adolescentes.
De 2004 a 2008, foram registrados 3.558 casos de pedofilia no estado, sendo 3.057 contra meninas e 501 contra meninos. Desse total, 688 crimes aconteceram com crianças com menos de cinco anos de idade, segundo a CPI.
Integram a lista dos suspeitos pelos crimes sexuais no estado diversas autoridades, como prefeitos, deputados, conselheiros de tribunais de contas e até conselheiros tutelares que deveriam ter o papel de zelar e promover a cidadania das crianças e adolescentes.