×

Sergipe

Covid-19: cerca de 90% dos pacientes internados em Sergipe têm múltiplas comorbidades

A maioria dos casos envolve indivíduos que ou não completaram o esquema de vacinas ou não se vacinaram

Um levantamento feito pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES) mostra a maioria das pessoas internadas são idosos e que cerca de 90% dos pacientes internados com a Covid-19 em Sergipe apresentam múltiplas comorbidades, ou seja, fazem tratamento de doenças crônicas como neoplasias, cardiopatias e pneumopatias crônicas. O estudo revelou também que nesse cenário há pessoas (39%) com o esquema vacinal completado com o reforço, mas que a maioria dos casos envolve indivíduos que ou não completaram o esquema de vacinas ou não se vacinaram.

O diretor de Vigilância em Saúde, Marco Aurélio Góes, informou que nesse momento Sergipe registra um aumento significativo de casos, mas observa que em sua maioria são ocorrências que apresentam uma resolução muito rápida, com melhora dos sintomas em dois ou três dias. “Isso indica que apesar de se infectarem, são pessoas que possuem uma carga viral baixa e têm certa imunidade que impede que a doença progrida para suas complicações”, considerou o diretor.

Segundo Marco Aurélio, isso pode ser comprovado pelo fato de que nos últimos dias foi registrado um número de casos semelhante aos ocorridos nos picos das ondas passadas. Mas, em contrapartida, não se tem o mesmo acréscimo nas internações hospitalares e nos óbitos. “E isso se deve às vacinas”, como ressalta ele, atestando que se for comparar os grupos de vacinados com os de não vacinados ou vacinados de forma incompleta, estes últimos possuem um risco bem maior de internação e de ir a óbito.

E para reforçar a importância da vacinação no cenário epidemiológico da Covid-19, Marco Aurélio, observa que em nenhum momento da pandemia foi possível ter um controle de óbitos ou de casos graves antes de o Estado alcançar as coberturas vacinais. “A vacina é fundamental para diminuir o risco da gravidade como comprovam estudos realizados no país e no exterior”, disse ele, lembrando que atualmente o esquema vacinal completo para pessoas com 18 anos a mais corresponde a três doses, que são as duas iniciais e mais a denominada de reforço.

Produção de anticorpos

O diretor de Vigilância em Saúde assinala que a produção da imunidade, das células de defesa, sofre queda de eficácia com o avanço da idade, o que explicaria o fato do predomínio das internações em pacientes idosos, mesmo que alguns deles tenham o esquema vacinal completo. “Do mesmo jeito que a gente tem o envelhecimento das células que estão na pele, nos cabelos, nos nossos órgãos, assim também acontece com o nosso sistema imunológico. Ele também vai envelhecendo e sendo menos capaz de produzir anticorpos tão eficazes. Esse fato reforça ainda mais a necessidade de o idoso completar o seu esquema vacinal para ganhar proteção”, enfatizou.

Outro fator apresentado por Marco Aurélio é a importância de se quebrar a cadeia de transmissão do vírus. Segundo ele, pessoas jovens vacinadas têm manifestado quadros assintomáticos ou leves, podendo disseminar o vírus na sociedade. “Quanto mais pessoas infectadas, mais será o risco para aqueles indivíduos que não produziram anticorpos tão eficazes. Por isso, quando a gente diz que quer uma vacinação de 90% para que realmente consigamos diminuir a transmissão é porque sabemos que algumas pessoas não têm a mesma resposta imunológica. Assim, protegendo muitos estaremos protegendo aqueles que não conseguiram ter produção adequada de anticorpos”, revelou.

Medidas

Para Marco Aurélio, é preciso continuar ampliando a cobertura vacinal da segunda dose e do reforço, mas também é essencial conter a disseminação do vírus através das outras medidas não farmacológicas, como o uso de máscaras, o distanciamento social e a higienização de mãos e superfícies.