A Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), realizará nesta quinta (21) a segunda edição do projeto Xangô Rezado Alto, que vem recuperando esse passado que reivindica da população alagoana e dos poderes públicos constituídos, atenção e compromisso para com as causas das populações afrodescendentes.
Este ano o projeto, que conta com apoio da Fundação Municipal de Ação Cultural, iniciará suas ações com um Cortejo Cultural e Religioso, com as casas de matriz africana, em 21 de março, Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. “Deslocamos as ações previstas para o dia 2 de fevereiro, por questões administrativas e pela proximidade com as prévias carnavalescas, o que tiraria o foco do evento. Em comum acordo com os religiosos, decidimos transferir a celebração da memória do ‘Quebra’ para o dia 21 de março, que é outra data significativa e contextualizada com o projeto Xangô Rezado Alto”, explicou o reitor da Uneal, Jairo Campos.
No ano passado, o ano do centenário do 'Quebra', o governador Teotonio Vilela Filho assinou um pedido oficial de perdão do Governo de Alagoas às comunidades de terreiros e a todo o povo de Alagoas pelas atrocidades cometidas em 1º de fevereiro de 1912.
Neste ano, mesmo em uma nova data, o Cortejo sairá pelas ruas do Centro de Maceió, e as apresentações artísticas serão em praça pública, mas também haverá o lançamento do edital para o 2º Prêmio de Incentivo Cultural para Comunidades de Terreiros, além do 1º Encontro da Juventude de Comunidades de Terreiro, que acontecerá em Arapiraca (AL), na sede da Uneal, em maio.
Para o evento desta quinta (21), haverá o cortejo e também os shows, que neste ano acontecerão na Praça Sinimbu e terão vários grupos alagoanos e dois convidados de Pernambuco: o cantor Jorge Riba e o grupo de coco Bongar.
Jorge Riba
Jorge Riba é cantor, compositor, músico, arte-educador, produtor cultural e principalmente amante do samba e das artes.
Ariano doido de abril de 1965, recifense da gema nascido bairro da Boa Vista, criado no Morro da Conceição, em Casa Amarela, e nas praias de Rio Doce, em Olinda, filho de Ogum e Yemanjá, mais de vinte anos de carreira artística dedicados ao desenvolvimento e reconhecimento da cultura afrodescendente no Estado de Pernambuco.
Sócio fundador dos primeiros afoxés do Recife ainda na década de 70, foi um dos primeiros compositores de músicas para essas agremiações. Incentivador da criação de diversos blocos afro durante as décadas de 80 e 90, foi idealizador de um bloco afro que congregava os outros em uma só saída no início dos desfiles do carnaval de 94.
Sendo filho de sambista, sambista tinha de ser. Desde menino já se aventurava nas baterias de escolas de samba da periferia do Recife e de Olinda, de caçarola na mão desfilou pela primeira vez na já extinta Unidos Da Vila, do falecido mestre Paulo Barraca , em Rio Doce. Daí em diante, foi só o tempo de se aprimorar.
Levou tempo, porém não foi em vão. Hoje, como membro da Mesa de Samba Autoral de Pernambuco, com mais de trinta composições em seu currículo, Jorge Seu Riba ou apenas Seu Riba, o filho de dona Alzira Ribeiro, manda ver com composições que falam de autoafirmação como cidadão afrodescendente e amante incomensurável das belas coisas da vida.
Assim sendo, Seu Riba segue a trilha aberta por grandes nomes do samba como Donga, João da Baiana, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Clara Nunes, Gilson de Souza, e defendida hoje por Dona Ivone Lara, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho e Almir Guineto, entre tantos outros. Sempre consciente de que o trabalho só é valido se o produto final servir a todos.
Bongar
O Bongar é composto por seis jovens integrantes do terreiro Xambá do Quilombo do Portão do Gelo, em Olinda. O grupo foi fundado em 2001, com o propósito de levar aos palcos a tradicional festa do Coco da Xambá, que se realiza na comunidade há mais de 40 anos, no dia 29 de junho.
O grupo Bongar tem um trabalho voltado para a preservação e divulgação da cultura pernambucana. A formação musical dos integrantes tem origem no universo popular, especificamente da comunidade religiosa Xambá.
O Bongar mostra, em suas apresentações, toda a musicalidade do Coco da Xambá, uma vertente desse ritmo tão presente no Nordeste do Brasil, além de ciranda, maracatu, candomblé e outros ritmos da cultura de raízes.
O Bongar também realiza oficinas de percussão e dança popular, confecção de instrumentos, aulas-espetáculos e palestras. O público, através do show do Bongar, terá a oportunidade de conhecer não só a música e a dança deste coco tão peculiar, mas compreender a formação histórica e cultural desta Nação.
O Bongar tem uma musicalidade muito forte de diversas influências musicais, vivenciadas nos cultos afro-brasileiros, principalmente da linhagem Xambá. Os integrantes do grupo herdaram toda essa musicalidade desde a infância, ouvindo os mais velhos e aprendendo com eles os toques, as loas e as danças, durante as festas da Casa Xambá.
Programação do dia 21 de março
14h – Concentração na Praça Dom Pedro II (Assembleia)
15h – Saída do cortejo em direção à Praça Sinimbu
16h – Chegada à Praça Sinimbu
16h30 – Solenidade oficial
Apresentações artísticas
17h – Afoxé Ofá Omim
17h30 – Apresentação artística do Projeto Inaê
18h – Gifá Lomim
18h30 – Coletivo AfroCaeté
19h – Afoxé Odô Iyá
19h – Grupo de Coco Bongar (PE)
20h45 – Acorte de Airá
21h30 – Jorge Riba (PE)
Informações: (82) 3315-7892 / 9971-4281
projetoxango@gmail.com
xangorezadoalto.blogspot.com.br
