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Alagoas

Cortadores de cana bloqueiam BR 101 por mais de seis horas

Cortadores de cana da usina que pertence ao governador Teotônio Vilela protestaram

Cortadores de cana que trabalham para a Usina Seresta – indústria de açúcar e álcool que pertence à família do governador Teotônio Vilela – bloquearam a rodovia BR 101 nesta quarta-feira, 05, por mais de seis horas. Os trabalhadores exigem o cumprimento de direitos trabalhistas pela empresa situada no município que tem o nome do pai do atual governador alagoano.

Durante a manifestação que teria reunido cerca de mil cortadores de cana, ônibus foram usados para fechar a pista, bloqueio feito também com madeira e pneus, material que foi incendiado. De acordo com depoimento colhido pela repórter Patrícia Bastos (Gazeta de Alagoas), o cortador de cana José Manoel.disse que a direção da usina havia informado que não iria pagar fundo de garantia, seguro-desemprego ou aviso prévio.

“Os manifestantes reclamaram ainda que haveria erro na pesagem da cana, o que reduziria o salário dos trabalhadores, e também que a usina estaria exigindo muitas horas trabalhadas”, descreve a repórter da Sucursal Arapiraca na matéria publicada na edição de hoje (quinta, 06) que também acrescenta o suposto emprego de trabalhadores sem carteira assinada.

“Em todas as outras usinas, o pessoal trabalha até 3 horas da tarde e aqui querem que a gente trabalhe até o dia anoitecer. Mas o pior é que estão roubando a gente no peso da cana. Quem trabalhou cortando cana a vida toda conhece quanto pesa as braçadas, mas na balança deles é sempre menor”, denunciou o trabalhador Raimundo Correia de Souza para a jornalista.

O protesto foi encerrado por volta das 16h30 de ontem, quando o congestionamento nos dois sentidos da BR 101 já alcançava cerca de 10 km. Os cortadores de cana reuniram-se com promotor de justiça Flávio Gomes, membro da Comissão de Direitos Humanos do Ministério Público estadual, pelo procurador de justiça, Afrânio Roberto de Queiroz e pela promotora de justiça Adilza Inácio de Freitas, que chegaram ao local do protesto num helicóptero.

O clima no local já era tenso porque as negociações realizadas não resultavam na liberação do trânsito e já havia a possibilidade de uso da força policial.