Assisti num canal de TV, um noticiário sobre o caos da Saúde em nosso país. O repórter mostrava detalhadamente , as condições precárias do hospital em foco. Paredes mofadas, janelas sujas, aparelhos enferrujados, objetos misturados indevidamente, lixeiras próximas do material cirúrgico. Desordem total.
Mas, um misto de revolta e tristeza se apoderou de mim, quando vi o “corredor dos esquecidos”, denominação de autoria dos próprios funcionários. Os esquecidos são aqueles pacientes que chegam e são alojados nos corredores, nas macas, nos bancos, nas cadeiras ou até mesmo no chão. E lá, eles ficam completamente esquecidos. Parecem cegos à margem do caminho, tentando adivinhar quem vai passar para pedir socorro ou um alívio para as suas dores…
É uma prévia do corredor da morte. Alguns pacientes nem imploram mais, limitam-se a esperar, gemer, ou até morrer. Caso tenha a sorte de ser atendido, pode até sobreviver! É a lei da vida, é a sentença do pobre.
Corredor dos esquecidos, onde uma única classe é ignorada pelas autoridades que se dizem competentes. Que competência? De deixar morrer à míngua àqueles que não têm plano de saúde e que se amparam num plano único chamado SUS e que eu denomino: SUSSURRANDO UNICAMENTE PARA SOBREVIVER ? ( SUS)
Corredor dos esquecidos: quanta gente junta, unida pela mesma história, pela mesma dor… Gemidos uníssonos, em busca da vida. Crianças, jovens, adultos e anciãos: todos juntos, num só grito sem eco.
Pátria minha…
Dos grandes hospitais, muito bem equipados.
Mas ainda embrulhados, danificados
Enferrujados…
Esquecidos num canto por causa da guia.
Oh! Brasil meu, dos partos na pia
Das mortes na espera, eterna agonia…
Corredor dos esquecidos: Quem se lembrará desse corredor? Quem terá coragem de ir até lá e num passe de mágica, tirar os pacotes de dinheiro das meias, das cuecas, das bolsas, dos bancos estrangeiros , comprar muitos leitos e levar os esquecidos para um lugar decente, iluminado e limpo? Quem se habilita? É ruim, heim?
Enquanto isso, os gemidos continuam, as crianças nascem no chão, o ancião, de tanto esperar, morre na fila.
As promessas viraram fumaça e esquecimento. Cadê eles? Ninguém sabe, ninguém viu. Estão ” resortiando”