A tendência de contêineres na arquitetura está se ampliando para o segmento residencial. O que antes era uma inovação restrita ao ramo das lojas e estabelecimentos que vendem comida está agora servindo também para que pessoas montem seus lares.
Os contêineres possuem particularidades em relação a outros tipos de residência, como a suscetibilidade às altas e baixas temperaturas – mas um bom isolamento térmico e acústico é capaz de resolver o problema.
“Está havendo uma mudança de paradigma na habitação e a possibilidade de uma moradia de rápida execução, com valores mais acessíveis em contraponto ao custo e tempo para a construção convencional, tem impulsionado essa forte demanda pelas casas container”, declarou à revista Forbes o arquiteto Murilo Lomas.
Com a disseminação da moda dos contêineres, vê-los nas grandes cidades deve se tornar algo cada vez mais comum. Hoje, existem franquias cujas unidades são todas montadas dentro deles.
Mas o registro do uso de estruturas de metal como edifícios comerciais existe desde, pelo menos, meados do século XIX, quando cabines de trem sem uso eram transformadas em restaurantes.
Foi na década de 1990 que contêineres passaram a ser reaproveitados como itens de arquitetura no Reino Unido, país muito dependente do comércio marítimo. Muitos contêineres, tendo sua vida útil terminada, eram abandonados nas docas ou nas estações de trem – o que levou arquitetos à ideia de utilizá-los nos seus projetos.
Atualmente, os contêineres são reaproveitados na arquitetura em todo o mundo, mas principalmente em países como Japão, Países Baixos e Reino Unido, todos muito ligados ao mar.
Obviamente, os contêineres, quando utilizados como imóveis, exigem tratamento diferente que quando usados para transporte de carga nos navios. Ao serem reutilizadas, as estruturas metálicas passam por processos de funilaria, serralheria e pintura, entre outros, para garantir um acabamento bonito e seguro.
O uso dos contêineres possui a grande vantagem de ser sustentável. Além de evitar que as estruturas apodreçam nas docas, a reutilização dos contêineres como imóveis representa uma alternativa à alvenaria – cuja produção é responsável por uma grande quantidade de emissões de gases causadores das mudanças climáticas.
Deixar de usar a alvenaria também significa gerar menos entulhos de obra, que correspondem a 60% do lixo produzido nas grandes cidades.
Para quem decide montar o seu negócio dentro de um contêiner, um dos benefícios é a economia. Como a estrutura já vem pronta, evita-se gastar dinheiro com preparação do terreno, alicerces e mão-de-obra para as paredes, piso e teto.
Isso também significa que os estabelecimentos sediados em contêineres podem entrar em funcionamento muito mais rapidamente que aqueles em construções de alvenaria. Enquanto uma obra tradicional pode levar até um ano para ser concluída, instalar um contêiner com todos os acabamentos pode demorar só três meses. Além disso, poupa-se tempo e mão-de-obra com a ausência de entulho e sujeira.
Além disso, os contêineres sempre chamam a atenção de quem transita pelas ruas – embora isso tenda a diminuir conforme os contêineres vão se tornando mais comuns.
Os principais desafios
Para quem quer usar um contêiner como imóvel, os desafios mais significativos estão nos terrenos inclinados e no isolamento térmico. Para instalá-los em inclinações, é preciso construir pilares que deixem a estrutura firme.
A estrutura de metal dos contêineres permite uma grande troca de calor entre o ambiente interno e o ambiente externo. Isso significa que os contêineres são muito suscetíveis ao calor e ao frio. Nos dias mais quentes do verão, o calor no interior pode ficar insuportável.
Por isso, é de extrema importância instalar revestimento térmico nos contêineres, como camadas de lã de vidro, lã de rocha ou mantas de plástico produzido a partir de garrafas PET. Também é preciso garantir que existam aberturas para a troca de ar.
