Ao abrir o encontro, o presidente Eduardo Palmeira destacou a relevância do tema para o futuro de Penedo - Foto: Giraldo Freitas
O Rotary Club de Penedo, sob a presidência de Eduardo Palmeira, realizou nesta quinta-feira, 30 de outubro, uma palestra enriquecedora que uniu ciência, história e consciência patrimonial. O evento contou com a presença do historiador e pesquisador Carlos André Costa dos Santos e do arqueólogo Henrique Alexandre Pozzi, dois profissionais de destaque em suas áreas, que abordaram de forma aprofundada os possíveis impactos da construção da ponte sobre o Rio São Francisco, ligando Penedo (AL) a Neópolis (SE), e seus acessos, no patrimônio arqueológico, histórico e cultural da região.
Ao abrir o encontro, o presidente Eduardo Palmeira destacou a relevância do tema para o futuro de Penedo, ressaltando que o progresso precisa ser construído de maneira equilibrada, respeitando a memória e a identidade cultural da cidade. “O desenvolvimento é bem-vindo, mas precisa caminhar lado a lado com a preservação da nossa história. Penedo é um patrimônio vivo, que deve ser protegido e valorizado”, afirmou.
O momento também foi marcado por um gesto de carinho e valorização da cultura local. A escritora Ivone Peixoto presenteou os palestrantes com exemplares do seu livro “O Penedo”, obra que retrata com sensibilidade as memórias, curiosidades e a trajetória histórica da cidade, reforçando o papel da literatura como instrumento de preservação da identidade penedense.
Durante a palestra, o arqueólogo Henrique Alexandre Pozzi apresentou um panorama técnico sobre os estudos arqueológicos e de impacto ambiental que estão sendo realizados na área do futuro empreendimento. Com formação em Arqueologia pela Universidade Estácio de Sá (UNESA) e especialização em Perícia e Auditoria Ambiental pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER), Pozzi tem ampla experiência em licenciamento ambiental e arqueologia brasileira pré-colonial, atuando em projetos governamentais e privados.
Segundo ele, o trabalho desenvolvido em Penedo é parte de um processo fundamental para a gestão e regulação do patrimônio arqueológico, assegurando que o avanço da infraestrutura ocorra sem comprometer os bens culturais.
“Atualmente estamos elaborando a Avaliação de Impacto aos Bens Culturais Materiais Acautelados no centro histórico de Penedo. O estudo busca garantir que o patrimônio não seja afetado durante as obras da ponte, propondo medidas que minimizem eventuais impactos e assegurem a integridade e conservação dos bens culturais da cidade”, explicou Pozzi.
Entre os locais avaliados estão o Convento e Igreja Santa Maria dos Anjos, Igreja Nossa Senhora da Corrente, Igreja de São Gonçalo Garcia, além do conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Penedo, todos reconhecidos por sua relevância histórica e artística. O estudo também contempla a Canoa de Tolda Luzitânia, símbolo da tradição náutica do São Francisco.
Pozzi destacou ainda que o processo incluiu análises detalhadas de visibilidade e ambiência, avaliando os possíveis impactos visuais e espaciais do empreendimento sobre os bens tombados.
“Constatamos que os bens culturais não serão impactados em sua integridade estética, histórica e simbólica. O objetivo é garantir que a ponte, além de funcional, respeite o contexto paisagístico e cultural de Penedo”, acrescentou o arqueólogo.
Complementando a exposição técnica, o historiador Carlos André Costa dos Santos apresentou uma reflexão sobre o conceito de patrimônio material e cultural, destacando a importância de compreender os bens históricos não apenas como estruturas físicas, mas como elementos que carregam a memória e a identidade coletiva de um povo.
Com base em referenciais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Carlos André explicou que o patrimônio material abrange um conjunto diversificado de bens culturais, incluindo edificações, sítios arqueológicos, paisagens, coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, fotográficos e cinematográficos.
O pesquisador também contextualizou as transformações legais e conceituais trazidas pela Constituição Federal de 1988, que ampliou a noção de patrimônio cultural, substituindo o antigo conceito de “Patrimônio Histórico e Artístico” pelo termo “Patrimônio Cultural Brasileiro”, reconhecendo tanto bens materiais quanto imateriais.
“Preservar o patrimônio é preservar a alma da cidade. É garantir que as gerações futuras compreendam de onde viemos, como vivemos e o que valorizamos enquanto sociedade”, destacou o historiador.
Ao encerrar o evento, Eduardo Palmeira reafirmou o compromisso do Rotary Club de Penedo em promover o diálogo, o conhecimento e o engajamento comunitário em prol do desenvolvimento sustentável e da valorização da cultura local.
“O Rotary acredita que o progresso só é verdadeiro quando acontece de forma responsável. Discutir a construção da ponte à luz da preservação do nosso patrimônio é um passo importante para garantir que o futuro de Penedo seja construído com respeito à sua história e às suas raízes”, concluiu o presidente.
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