A Segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid 2010) é a oportunidade de pesquisadores, técnicos, políticos e sociedade para rever conceitos e construir um novo pacto de combate à desertificação, disse o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Machado, nesta segunda-feira (16/08), na abertura da Conferência, em Fortaleza (CE).
O secretário defendeu esforço político na criação do pacto, com visão do futuro, para reverter o problema da desertificação no Brasil. “Temos de fazer a lição de casa para que a população tenha vida digna”, ressaltou Machado. A Icid 2010 reúne cerca de 2 mil pessoas, entre elas, pesquisadores do desenvolvimento, especialistas em mudanças climáticas, cientistas sociais e decisores políticos de mais de 90 países, até sexta-feira (20/8).
Combate ao desmatamento e atividades sustentáveis
O combate ao desmatamento com fiscalização aliada às atividades sustentáveis são medidas que contribuem para controlar a desertificação. “Esse quadro de degradação das florestas é o que leva a esse quadro de desertificação, que é um tiro no pé, porque desertificação significa perder patrimônio, perder riqueza do país”, salientou.
Atividades sustentáveis desenvolvidas pela própria sociedade são incentivadas pelo Ministério do Meio Ambiente. Com o estímulo às chamadas tecnologias sociais, o MMA trabalha com a vertente da convivência no semiárido para melhorar a qualidade de vida da população que vive nas áreas secas. “Perdemos a cada ano milhares de hectares de terra por práticas insustentáveis”, disse Machado.
Luta Contra a Desertificação 2010-2020
Também na abertura da Icid 2010, o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, Luc Ganacadja, lançou a Década das Nações Unidas para os Desertos e Luta Contra a Desertificação 2010 – 2020. Para ele, a década é uma campanha a longo prazo para combater a desertificação.
Se as previsões de aquecimento da Terra em 2 graus se confirmarem, um terço da comida de hoje deixarão de existir. Para ilustrar a perda disso, Luc utilizou o exemplo do trigo. “Se não existe mais plantação, também não haverá pão”. Anualmente, 12 milhões de hectares viram desertos no mundo, segundo a ONU. Se nada for feito, esse número poderá aumentar. “Uma vez degradado, não podemos saber quanto e quão rápido será a expansão da degradação”, alertou Luc Ganacadja.
Degradação do solo, mudanças climáticas e má gestão dos recursos hídricos
Os principais problemas são causados pela degradação contínua do solo devido às mudanças climáticas, à exploração agrícola desenfreada e à má gestão dos recursos hídricos. Sobre a expectativa para a Icid 2010, Luc acredita que é preciso construir um novo paradigma, levantando questões e procurando soluções. “A Icid e o lançamento da década não são apenas uma coincidência, mas uma parceria consolidada no combate àdesertificação, com apoio à produção sustentável.
Em carta, lida pelo secretário executivo da Convenção da Combate à Desertificação, o secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, ressaltou que mais de 2 bilhões de pessoas moram em áreas secas. A maioria ganha menos de 1 dólar por dia e quase não tem acesso à água potável. Por isso, segundo Ki-moon, gestão de recursos hídricos, combate à fome e às mudanças climáticas são os desafios extraordinário – mas não são impossíveis – no enfrentamento da desertificação.