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Alagoas

Comunidades quilombolas atingidas por enchente sofrem com escassez de alimentos

Comunidades quilombolas alagoanas situadas nas cidades atingidas pela enchente tentam sobreviver em meio ao cenário de destruição. Como se a desgraça fosse pouca, os descentes dos escravos ainda sofrem com a proliferação de doenças transmitidas por meio da água contaminada e a escassez de alimentos que demoram a chegar porque vivem em áreas de difícil acesso.

Levantamento realizado pela gerência de núcleo quilombolas do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) aponta para cinco comunidades atingidas – direta ou indiretamente – pelas fortes chuvas ocorridas no Estado: Filús, Jussarinha e Mariana, localizadas em Santana do Mundaú, Gurgumba, em Viçosa, e Muquém, situada em União dos Palmares.

30 famílias situadas a 50 metros do rio Paraíba

“A situação dos remanescentes quilombolas atingidos é grave. Desde o início estamos mobilizados para dar assistência aos desabrigados. Junto com o Corpo de Bombeiros, o Iteral esteve presente na comunidade de Gurgumba, em Viçosa, para doar cestas básicas e água”, afirmou o presidente do Iteral, Geraldo de Majella. Ele referia-se ao socorro para cerca de 30 famílias que estão situadas a 50 metros do rio Paraíba.

Durante a visita do militares, ficou constatado que as crianças da comunidade já apresentam sintomas de doenças causadas pelo uso de água contaminada. “São 80 crianças em Gurgumba que apresentam problemas na pele, como manchas e feridas. Também há índice de esquistossomose no local”, disse Berenita Melo, gerente do núcleo quilombolas.

80 famílias desabrigadas no Muquém

Na comunidade de Muquém, em União dos Palmares, mais de 80 famílias ficaram desabrigadas e estão alojadas na escola da comunidade e no posto de saúde. As vítimas da catástrofe estão recebendo a solidariedade do Iteral, junto com outros órgãos do Estado, e a Fundação Cultural Palmares, segundo material distribuído à imprensa.

“O que a gente mais precisa agora é reconstruir nossas casas”, relata a líder da comunidade de Muquém, Albertina Nunes, uma das desabrigadas. Segundo ela, agora que o nível da água baixou, algumas pessoas já estão saindo dos abrigos para tentar reconstruir suas casas e suas vidas.

Quilombolas enfrentam dificuldades para obter alimentos

As comunidades quilombolas localizadas em Santana do Mundaú – Filús, Jussarinha e Mariana – não foram atingidas diretamente pelas enchentes. No entanto, sofrem consequências causadas pelas cheias do rio. Como o centro comercial do município foi todo destruído, os quilombolas enfrentam dificuldades para conseguir alimento. Além da falta de mantimentos, os quilombolas de Santana do Mundaú também são contaminados pelas doenças transmitidas pela água suja que corre no local.