Integrantes da Associação Quilombola Lagoa das Piranhas denunciaram nesta segunda-feira (5.11) a morte de milhares de peixes na Lagoa das Piranhas, na zona rural do município de Bom Jesus da Lapa (BA), no Médio São Francisco. O acidente afeta a comunidade quilombola homônima, constituída de aproximadamente 700 pessoas, que utiliza a lagoa para o abastecimento hídrico e alimentar.
Conforme Cláudio Pereira, a suspeita é de que a mortandade tenha como causa a contaminação das águas da lagoa pelos dejetos do projeto de irrigação Formoso, onde se desenvolve o cultivo de banana:
“O projeto utiliza agrotóxicos e sempre drenou águas com resíduos para o Riacho das Cacimbas, que por sua vez desagua na Lagoa das Piranhas. Isso nunca aconteceu antes. Estamos supondo que aumentou a concentração de produtos tóxicos na água”, declarou Cláudio, que é também coordenador da Câmara Consultiva Regional – CCR do Médio São Francisco, instância representativa do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF.
A morte dos peixes teve início na semana passada, e hoje assumiu uma grave proporção, contou ele, devido ao volume acumulado de peixes mortos e à paralisação das atividades da comunidade quilombola, que está assustada com a situação. Alguns moradores, inclusive, informou, estão acometidos de diarreia.
A lagoa é uma das maiores da região, medindo de ponta a ponta, conforme o líder comunitário, cerca de 10 quilômetros, com quatro metros de profundidade. A associação representativa da comunidade quilombola encaminhou, nesta segunda-feira, denúncia formal ao Ministério Público, Codevasf e Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia – Inema, para a adoção de providências imediatas.
