O mais simples, segundo a ONG, seria fazer a captação a cerca de 300 metros do local
Índios da Área Indígena Kariri-Xocó, situada em Porto Real do Colégio, estão enfrentando sérios problemas por conta da deficiência na questão do abastecimento de água na comunidade, o que é de competência da Secretaria Especial de Saúde Indígena, órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
De acordo com as informações repassadas à nossa redação, a situação no local é extremamente preocupante, já que além da água onde é feita a captação ser de coloração avermelhada, a quantidade é muito pouca, pois é um braço do rio onde a água parou de circular.
Mesmo assim, os indígenas da comunidade estão sendo obrigados a consumir essa água que, pela coloração fora do normal, é confundida por lama, segundo os próprios kariri-xocós. Os problemas na aldeia são de longos tempos, mas se agravaram nos últimos meses.
Cansados de esperar por uma resposta mais concreta da Sesai, que é ligada ao Ministério da Saúde e em Alagoas é representada pela ex-primeira dama e ex-vereadora de Penedo, Ivana Fortes Peixoto Toledo, uma comissão formada por índios da aldeia procurou a ONG Amigos do Velho Chico, nas pessoas de Antônio Gomes dos Santos, o Toinho Pescador, e do Antenor Nerys.
Solidários a causa e cientes de todo o sofrimento pelo qual os indígenas estão passando, a ONG procurou o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas em busca de orientação e apoio, já que os índios estão cansados de esperar pela Coordenadoria Distrital de Saúde Indígena de Alagoas.
Mesmo sem ser de sua atribuição, o IMA enviou um técnico ao local para dar suporte a ONG e conversar com os indígenas. Um relatório foi elaborado e enviado para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF, Anivaldo Miranda, mostrando a real situação encontrada na área e pedindo providências.
Ainda segundo as informações repassadas à nossa redação, a cada intervalo de três a cinco dias a bomba que é operada pela Sesai na aldeia funciona apenas 30 minutos, levando água de coloração avermelhada para as torneiras das “casas” onde vivem aproximadamente 3 mil índios.
A péssima qualidade da água tem aumentado a incidência de diarreia, vômitos, febre e muitas internações. Quem tem alguma outra fonte de renda consegue comprar água mineral para consumir, mas a grande maioria é obrigada a ingerir o liquido da forma que recebe nas torneiras.
Em contato com a nossa redação, a ONG Amigos do Velho Chico declarou que colocar a bomba na calha principal do rio, que fica a apenas 1 km de distância da aldeia, não é viável por falta de segurança, mas que há outros dois caminhos que podem resolver a questão do abastecimento na comunidade.
O mais simples, segundo a ONG, seria fazer a captação a cerca de 300 metros do local, onde ocorre a captação do município como um todo. A outra saída, seria drenar um canal acima do leito do rio, nas proximidades do povoado Sampaio, o que naturalmente levaria água em abundância ao ponto atual de captação.
A Sesai
A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) foi criada em 19 de outubro de 2010, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para assumir a responsabilidade tanto pelas questões ligadas a saúde como pela aquisição de insumos, apoio logístico, licitações e contratos, ações essas que antes ficavam a cargo da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Também são funções da Sesai ações de saneamento básico e ambiental das áreas indígenas, como preservação das fontes de água limpa, construção de poços ou captação à distância nas comunidades sem água potável, construção de sistema de saneamento, destinação final ao lixo e controle de poluição de nascentes.
