Copa sempre revela craques como Neymar
Vai ter iníco nesta terça-feira, a Copa São Paulo de Juniores, reconhecidamente a principal oportunidade do ano de revelar e, principalmente, negociar novos talentos do futebol. Por conta desse fato, é cada vez mais comum empresários montarem equipes só para mostrar os jogadores que gerenciam, sem nenhum tipo de vínculo com o clube. “Tem muitos clubes de longe que só usam a marca do clube. Por exemplo, existem casos de times de fora que treinam em São Paulo há meses”, aponta Paulo Endrighi, diretor da categoria de base do Guarani.
Mesmo sendo sabedores que tal prática existe, às vezes alguns “clubes barrigas de aluguel” passam despercebidos. Pelo menos cinco times têm claramente esse perfil. Um deles é o Corinthians Alagoano, famoso até mesmo entre os adversários. “Eles se preparam o ano inteiro para a Copa São Paulo. O trabalho é unicamente revelar a molecada e levar para fora, principalmente para o Leste Europeu”, comentou o vice-presidente do Santo André, Romualdo Magro Júnior.
Não é só da região nordeste que vem esses times. Do Mato Grosso do Sul também tem seu representante “um tanto quanto suspeito”. A equipe do centro-oeste é o o Pantanal FC, que trata-se de uma seleção com os melhores jogadores do campeonato estadual sub-18, que garante vaga para a Copinha. Nos anos anteriores, o primeiro e o segundo colocados se classificaram. Mas desta vez só o campeão, Sete de Setembro, foi autorizado a participar. O argumento é que, assim, a região tem mais chances de passar da primeira fase na competição de juniores. Para isso, o Pantanal teria emprestado o nome para o grupo não ficar como “seleção MS”.
Outra esquisita parceria ocorreu entre dois times do Nordeste. Sem chance de participar do torneio, o empresário Antonio Pereira Borges, presidente de honra do Marília do Maranhão, levou cerca de vinte jogadores para atuar pelo Itabuna da Bahia. Todos já foram federados na Federação Baiana de Futebol (FBF). O Marília tem boas recordações da edição passada. Logo depois de disputar a Copinha, vendeu o meia Pimenta e o zagueiro Fernando para o Criciúma, de Santa Catarina.
Redução.
Ter cinco times de aluguel, entre 92 participantes, é considerado um número pequeno. Fruto das regras que a Federação Paulista de Futebol (FPF) tem criado para dificultar a formação de times meramente comerciais. Para participar da 42.ª edição, os clubes tiveram de inscrever os jogadores até o começo de setembro, quatro meses antes do torneio. “Não dá mais para inscrever time de última hora. Agora quem quiser montar uma equipe precisa pagar Fundo de Garantia, recolher todos os impostos como uma empresa normal. Não compensa para muitos”, diz Afonso Armonia, supervisor das categorias de base do Corinthians.
Entretanto, os empresários sempre dão um jeito, segundo os clubes. “Os jogadores não têm salário nenhum. Como a Federação é obrigada a pagar alojamento e alimentação, o único custo é pagar o clube pelo aluguel do nome, mas como muitos são da Prefeitura, às vezes nem cobram nada. Sai de graça”, explica Wagner Ribeiro, empresário renomado que cuida da carreira de jovens talentos, como Neymar.
Além desses clubes de fachada, existem aqueles que são denominados clubes-empresa, que, apesar de terem a mesma finalidade de negociar jogadores, oferecem estrutura durante o restante do ano para o atleta. É o caso do Desportivo Brasil e do Olé Brasil.
A Copinha é feita para os empresários. Antes mesmo de a bola rolar, o telefone de Wagner Ribeiro não para de tocar. Sempre com informações de garotos que merecem um olhar mais atento do agente Fifa. A caça ao tesouro começa hoje com oito jogos. Muitos têm apenas três chances (os jogos da primeira fase) para mostrar o potencial. Trabalho duro para quem quer vender e comprar as promessas do futuro.
JOGOS DE HOJE
Grêmio Osasco x Linense
União São João x IAPE-MA
Cruzeiro x União Barbarense
Vasco x América-RN
América-SP x Pantanal
Atlético-MG x Criciúma
São José x Gurupi-To
Flamengo x Mogi Mirim