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Classificados – Precisa-se de Vereadores

Curiosamente, o pleito eleitoral que está em andamento para prefeito e vereadores coincide com as olimpíadas que aconteceram em Londres. São dois acontecimentos que têm em comum a competição e a disputa pela vitória. No que se refere a diferença, existe um grande abismo. Enquanto os atletas se entregam de corpo e alma, treinando à exaustão para atingir a plena forma e tentar vencer entre os melhores e serem ungidos com lágrimas de incontida emoção ao som do hino do seu país, os nossos candidatos saem de um saco de gatos de toda espécie, uns poucos bons de caçar ideias construtivas e uma maioria que aguça a mente num antegozo de como tirar, se eleito, melhor proveito do cargo.

Em Penedo, segundo informação, temos um pouco mais de cem candidatos a vereador. Não deixa de ser elogiável, fato que demonstra ou demonstraria o envolvimento das pessoas pela política, meio natural para se buscar os melhores caminhos para a nossa cidade. Infelizmente, só aparentemente ela se transforma numa cidade politicamente buliçosa e essa efervescência dura tanto quanto a dissolução de um sonrisal em um copo d’água. E qual a causa? Porque não existe, evidentemente, nenhum interesse nos destinos de Penedo. O que está em jogo são os interesse pessoais.

Com esse objetivo a nortear as intenções dos nossos candidatos, a eleição em curso, como as do passado recente, mais se identifica com o convite de classificados de emprego de jornal do que de um movimento autenticamente político. Como seria bonito se de fato estivéssemos vivendo uma festa da democracia na sua autenticidade, não a fantasiada como tal, com resultado carnavalesco. Atraídos, pelo ganho fácil, o que desejam é um emprego temporário sem trabalho e o prêmio de uma generosa remuneração. E partem para a guerra. Para tanto, a conquista da cobiçada cadeira vai depender da desenvoltura de cada um, baseada na estratégia artificial da cortesia através do aperto de mão, tapinha nas costas, conversa fiada e pequenos favores. É uma feira de negócios entre o eleitor venal e o político corrupto, totalmente alheio às proibições legais. Prevalecem-se da esperteza, da lei natural em detrimento da ética que reputam como o caminho dos fracos. Não fazem uma exposição de ideias a serem expostas da tribuna, capazes de inspirar uma nova mentalidade ou novos caminhos que possam revolucionar a administração do município. Na falta do essencial, alguns veículos de propaganda, a torturar a paciência das pessoas, ladram slogans.

No setor privado, os altos salários atraem os bons candidatos e somente eles, ao passarem por uma boa avaliação, ocupam os cargos. Na politica, como exemplo as câmaras de vereadores, os bons salários em troca do nada ou quase nada a fazer, tornam-se um chamariz, com a devida exceção, dos candidatos insignificantes e da pior espécie. Culpa dos nossos congressistas que com uma visão míope e irresponsável, não procuram acabar com a farra do dinheiro público, preferindo premiar o parasitismo em detrimento das carências sociais.

É uma mamata tão atraente que os atuais vereadores, muito longe de pensar em se desmamarem, lançaram-se a reeleição, ávidos para continuar a sugar o úbere farto da mamãe câmara. Que delicia de cama!

Apesar desse panorama desolador, estaremos a postos para cumprir o nosso dever cívico para, com paciente avaliação, se necessário, até para empunharmos uma lanterna acesa em plena luz do dia, como fez o filosofo Diógenes, para escolher o melhor candidato. Essa é a direção que o eleitorado deve seguir sob pena de ficarmos reduzidos a idiotas que vivem sempre a esperar pelas próximas eleições, permanecendo politicamente estagnados e sem qualquer vislumbre de esperança.

Em resumo, precisamos de vereadores, sim, mas que sejam combativos, façam oposição quando necessário, fiscalizem a administração municipal, não se transformem em lacaios, vassalos de favores do prefeito como normalmente acontece, atuem como se fossem empresários com uma visão otimista, sérios, responsáveis, competentes e idealista para fazerem jus ao que ganham e não compareçam às sessões mudos, vez que a sua voz é um dos instrumentos de trabalho, a fim de que não passem por uns Zé Mané dos quais estamos saturados, de aturar, vis sanguessugas incapazes de dar uma retribuição à altura de seus vencimentos.