×

Artigos

CLASSIFICADOS – Precisam-se de candidatos a Presidente da República

 Embora fôssemos obrigados a encarar o anúncio acima como uma brincadeira ou de uma ideia de efeito na esfera da ficção, em se tratando de Brasil dos contrastes que plana com naturalidade entre mundos opostos, não podemos descarta-lo como absurdo ou acreditar na impossibilidade de que um dia venha acontecer. A propósito, estamos sentindo no ar a viabilidade de assistirmos, como solução de um provável e iminente imbróglio político, o apelo ao irreal em decorrência das novas delações por parte da JBS que alega, além de ter comprometido a imagem e a estabilidade do presidente Temer, ter corrompido em torno de mil e oitocentos políticos. É uma confissão assombrosa que nos dá a dimensão da corrupção que envolve os nossos representantes.

 Diante desse quadro avassalador que nos convence de que a cleptomania faz com naturalidade parte da ética na política, somos tomados pela expectativa de como se dará, na hipótese de ser cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral a chapa Dilma x Temer, a substituição do presidente. Isto porque, fora da mesma os atuais congressistas, inclusive o presidente da câmara dos deputados, seu legítimo sucessor, em razão por incrível que pareça, não se enxergar algum com a necessária estatura para o exercício do cargo. O mais impressionante e inacreditável absurdo.

 Como seria ou será a eleição? Direta ou Indireta? Seja qual for a modalidade de uma coisa podemos ficar relativamente aliviados: o candidato ou candidatos não sairão, com grande probabilidade, do corpo necrosado do Congresso Nacional. Vendo-os moralmente reduzidos a escombros, um repentino pensamento despertou-nos a curiosidade para fazermos uma viagem no tempo e vê-los, no passado estudantil, imbuídos dos mais belos ideais, autênticos combatentes em prol da moral e críticos ferrenhos dos desmandos na administração pública. Alguns anos depois, em suas atividades profissionais, a semeia dos caminho que enfaticamente propalavam para a salvação da pátria, apoiados tão-só na fragilidade dos belos ideais perderam-se na esterilidade do esquecimento. Como explicar esse fenômeno? O mesmo ocorre em outros países? Sim, nos que são parecidos nos vícios e defeitos do Brasil. Não nos que têm no decorrer de sua longa história a prática corriqueira dos bons costumes apoiados em suas instituições, ausentes na nossa tradição a partir da família, principal base da sua formação.

É natural, com esse lamentável histórico, admitirmos que sobre o Brasil, no Congresso Nacional e repartições públicas da administração, encontram-se no ar, condensadas desde a colonização, nuvens de corrupção que naturalmente, como as chuvas, precipitam-se sobre seus ocupantes, infectando-os. Somente poucos eficazmente vacinados, conseguem, com a proteção de um guarda-chuva, escapar das tentações da improbidade.

Para não ficarmos no vazio das nossas expectativas, embora nada vislumbremos para depurar a política da nossa República Cleptocratica do Brasil, tão carente em suas jazidas da rara e preciosa pedra da honestidade, que os candidatos somente sejam lançados após uma seleção rigorosamente peneirada via classificados.