Talita nasceu no Mato Grosso mas adotou Maceió no seu coração
A história é conhecida e costuma ser lembrada sempre que ela volta a Maceió (AL), que neste fim de semana receberá a nona e última etapa do Circuito Banco do Brasil Open 2013/2104. Natural de Aquidauana, cidade do Mato Grosso do Sul, a atleta olímpica Talita começou a jogar vôlei de praia em Alagoas, estado pelo qual é federada desde 1998. Tudo graças ao olhar apurado do atual presidente da Confederação Brasileira de Voleibol.
Foi Walter Pitombo Larangeiras, o Toroca, à época presidente da Federação Alagoana de Voleibol, que viu aquela menina franzina se destacar num Campeonato Brasileiro de Seleções, ainda como jogadora de quadra. E apostou que ela teria mais sucesso nas areias. Talita, ainda aos 16 anos, deixava sua cidade natal para dar um novo rumo na vida, vislumbrando uma carreira que, aos olhos de quem já vivia no esporte há algum tempo, tinha tudo para dar certo.
“Não cheguei aonde cheguei sozinha. Foi incrível como o Toroca apostou em mim. E a única forma de retribuir foi jogando por Alagoas. Sei o quanto ele torce e fica feliz por mim. Sempre apostou no meu potencial e só tenho a agradecê-lo. Quando posso, vou a Maceió, onde tenho muitos amigos que conhecem a minha história. E, claro, é a etapa que mais gosto de jogar”, declarou Talita, que morou na cidade de setembro de 98 a dezembro de 2001.
Foi quando ela se mudou para o Rio de Janeiro, e mais uma vez por influência de Toroca, mesmo que de forma indireta. Tudo porque a já campeã olímpica Jackie Silva o procurou para pedir um wild card (convite) para jogar a etapa de Maceió do circuito brasileiro daquele ano. Ele afirmou que até concederia, mas se ela jogasse com uma jovem talentosa que despontava por lá. No caso, Talita.
“Nos dois primeiros anos, joguei com meninas de Maceió, como Kátia e Bárbara, mas a quadra ainda era prioridade. Em 2001, fiquei o ano inteiro só na praia, ao lado da Patrícia. Foi quando surgiu essa oportunidade de jogar com a Jackie. Numa época em que havia jogadoras como Shelda, Adriana Behar, Ana Paula, Adriana Samuel, Mônica e Sandra Pires, ficamos em sétimo lugar sem nem termos treinado. Até então, eu só tinha passado do qualifying uma única vez”, relatou.
Com o resultado, considerado bem satisfatório, Jackie Silva convidou Talita, de 19 anos, para jogar com ela. Foi quando se mudou para o Rio, onde fixou residência e lá está até hoje. Uma nova e radical mudança, agora para um grande centro, uma das principais cidades brasileiras. Vieram outras dificuldades, uma outra realidade e novas barreiras a serem vencidas, mas essencial para o que ela se tornaria como pessoa e profissional.
“Foi um divisor de águas pra mim. Eu até fazia faculdade de Educação Física em Maceió, estava no primeiro ano e acabei abandonando porque as coisas começaram a dar certo no Rio. Arrisquei e disse que aquela seria a minha chance. A Jackie foi o trampolim, a melhor oportunidade que poderia ter aparecido pra mim. Era o que eu precisava para treinar o mais próximo possível do alto rendimento”, disse.
Talita esteve nos Jogos Olímpicos de Pequim/2008 e Londres/2012
Dali em diante, vieram outras parceiras, inúmeros técnicos e profissionais de qualidade, culminando na disputa dos dois últimos Jogos Olímpicos, em Pequim/2008 e Londres/2012. Agora, ao lado de Taiana, é a atual campeã do Circuito Mundial. Aos 31 anos, ainda tem como objetivo mais uma Olimpíada, mas com um desfecho diferente, com a conquista de uma medalha justamente no estado onde vive há 13 anos.
De sexta (21.03) a domingo (23.03), em Maceió (AL), na arena montada na Praia de Pajuçara, Talita e Taiana disputarão o título da etapa com Ágatha/Bárbara Seixas (PR/RJ), Juliana/Maria Elisa (CE/PE), Maria Clara/Carol (RJ), Val/Ângela (RJ/DF), Lili/Duda (ES/SE), Elize Maia/Fernanda Berti (ES/RJ), Vivian/Josi (PA/SC), Neide/Carol Horta (AL/CE), Thati/Naiana (PB/CE), Semírames/Luíza Amélia (ES/CE) e Thaís/Fabíola (RJ/DF).
