As chuvas que atingem as regiões Norte e Nordeste desde o início do mês de abril deste ano já desabrigaram e desalojaram mais do que o dobro de pessoas do que no desastre de Santa Catarina, ocorrido em novembro e dezembro passado. De acordo com dados da Defesa Civil Nacional, 183.625 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas no Norte e no Nordeste em razão das enchentes. Em Santa Catarina, esse número chegou a aproximadamente 80 mil pessoas.
Desabrigadas são as pessoas que tiveram que sair de casa sem ter para onde ir e foram encaminhadas para abrigos públicos, como escolas, ginásios, galpões, entre outros. Já as desalojadas são pessoas que recebem abrigo em casas de amigos e parentes.
Nas últimas semanas, ao menos 40 pessoas já morreram nas inundações que assolam cerca de 300 municípios no Ceará (12 mortes), Amazonas (8), Maranhão (7), Bahia (7), Alagoas (4), Pará (1), Pernambuco (1), Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte (os três últimos sem óbitos confirmados), segundo dados da Defesa Civil Nacional e das defesas civis estaduais. Na tragédia catarinense, pelo menos 135 morreram, vítimas, além das inundações, de desabamentos de construções e deslizamentos de terra.
Segundo Olívia Nunes, meteorologista da Somar Meteorologia e do site Tempo Agora, a ocorrência simultânea do fenômeno La Niña e da zona de convergência intertropical (ZCIT) no hemisfério sul é a causa do excesso de chuvas nessas regiões, que devem continuar até o fim do mês, de acordo com a meteorologista.
A tragédia catarinense, por sua vez, foi consequência de três meses chuvosos. O estopim do desastre, contudo, foram as fortes chuvas ocorridas nos dias 22 e 23 de novembro – quando choveu o equivalente à média histórica para o mês em diversas cidades próximas ao litoral do Estado, entre elas Blumenau, Itajaí, Joinville, Gaspar, Ilhota, Navegantes e a capital Florianópolis.
Neste ano, as notificações das coordenadorias estaduais de defesa civil indicam que 911.469 pessoas foram afetadas pelas chuvas no Brasil desde abril. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (11) que pretende enviar ao Congresso Nacional uma Medida Provisória que libere dinheiro para a recuperação de Estados do Nordeste atingidos pela chuva – o prejuízo estimado é de R$ 1 bilhão.
Em Santa Catarina, no fim do ano passado, foram 1,5 milhão de pessoas atingidas. As indústrias catarinenses, na ocasião, estimaram perdas de R$ 358 milhões e o governo do Estado previu a queda de 15% na arrecadação anual. Para minimizar os impactos do desastre, o governo federal na época liberou quase R$ 2 bilhões por meio de medidas provisórias e diversos ministérios direcionaram recursos para Santa Catarina.
Balanço atual nos Estados
Segundo o último balanço da Defesa Civil Nacional, no Nordeste, o Maranhão é o Estado que tem o maior número de municípios atingidos (73), seguido pelo Ceará (72), Piauí (37), Paraíba (24), Rio Grande do Norte (15), Bahia (11), Pernambuco (7) e Alagoas (3). São 235.874 pessoas no Ceará afetadas de alguma forma pelas enchentes, enxurradas e desabamentos – destes, 43.832 estão desabrigados ou desalojados.
No Maranhão, a população afetada chega a 196 mil pessoas, com 39.304 desalojados e 26.687 desabrigados. Na Bahia, são 4.972 desalojados e 1.732 desabrigados. No Piauí e no Rio Grande do Norte, a chuva afetou a vida de 65.695 e 44.808 pessoas, respectivamente, segundo a Defesa Civil Nacional. Na Paraíba são cerca de 8.200 afetados, 4.700 desalojados e 1.500 desabrigados.
Na região Norte, o Estado do Amazonas possui o maior número de municípios atingidos (47) com 46.242 pessoas desalojadas e 10.196 desabrigadas. No Estado do Pará são 34 municípios atingidos e 35 mil famílias afetadas direta ou indiretamente pela chuva.