A empresa petroleira Chevron Brasil Upstream começou nesta quarta-feira (16) a introduzir lama pesada no poço por onde, há uma semana, vaza petróleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos, Rio de Janeiro. A empresa, que mantém o controle da produção do petróleo no local, informou por meio de nota que o próximo passo será cimentar o poço para inutilizá-lo de forma definitiva.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou, na segunda-feira (14), o plano de abandono do poço apresentado pela Chevron.
Sobre as causas do vazamento, a principal hipótese da petroleira é que uma fratura provocada por procedimentos de estabilização do poço tenha liberado o óleo, que vazou por uma falha geológica. A Chevron é inteiramente responsável pela contenção do vazamento. Dezoito navios estão participando dos trabalhos de contenção do vazamento, oito da própria Chevron e dez cedidos pelas empresas Petrobras, Statoil, BP, Repsol e Shell, que também operam na Bacia de Campos.
Para a coordenadora da Campanha de Clima e Energia da organização não governamental (ONG) Greenpeace, Leandra Gonçalves,o vazamento, que já se espalhou por mais de 160 quilômetros quadrados (aproximadamente a área de 25 mil campos de futebol), serve de alerta para que o governo brasileiro repense as licitações para exploração de petróleo. Ela defendeu que o país crie um programa de contenção de vazamentos que garantam a exploração segura de petróleo.
“O Campo de Frade é um dos maiores campos em produção de petróleo no Brasil desde 2009 e, se o vazamento se deu por uma falha geológica, essa falha deveria ter sido prevista no estudo de impacto. O governo está investindo muito dinheiro na exploração offshore [em alto-mar] de petróleo com pouco ou quase nenhum plano de segurança. Essas operações são de alto risco “, disse Gonçalves.
Ela lembrou que o Ministério do Meio Ambiente criou um mecanismo para acelerar a emissão de licenças ambientais justamente para o setor de petróleo e gás. “Estudos mais detalhados para garantir uma maior segurança para essas operações são inexistentes, como vimos no Golfo do México e, agora, na Bacia de Campos. Amanhã pode ser nas nossas praias”, advertiu a ambientalista.