Na cerimônia de abertura da 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o secretário-geral do encontro, Yvo de Boer, conclamou os líderes dos 192 países que participam dos debates a transformarem propostas em ações concretas para reduzir o impacto das mudanças climáticas sobre o planeta.
“O relógio está zerado. Chegou a hora. Temos que transformar propostas em ações”, afirmou de Boer, no rápido discurso, que encerrou a cerimônia de abertura.
O secretário-geral disse que o “bolo de Natal”, que ele espera de presente este ano, ao final das duas semanas de discussões, é dividido em três partes: a base é formada pelas ações de mitigação de emissões de gases que provocam o efeito estufa, numa clara referência aos compromissos dos países em desenvolvimento, especialmente China, Índia, Brasil e África do Sul.
A segunda parte do bolo, segundo de Boer, seria formada pelas metas dos países ricos para reduzir as emissões atuais e financiar ações dos países pobres para adaptar a economia às novas tecnologias limpas e renováveis. Já a “cereja no topo do bolo” seria um termo de cooperação entre todos os países para desenvolver ações mundial coordenadas visando a combater o aquecimento global.
A meta do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) é reduzir as emissões mundiais entre 25% e 40% até 2020, considerando o nível de emissões registrado em 1990.
O chefe do IPCC, Rajendra Pachauri, destacou o efeito imediato que o aquecimento global já exerce sobre as comunidades costeiras e sobre as populações em áreas de risco, como é o caso de milhões de habitantes de Bangladesh, um dos mais populosos países do planeta.
Ele ainda destacou a polêmica criada, há duas semanas, pela revelação de e-mails, interceptados por hackers na universidade inglesa de East Anglia, apontando para a tentativa de esconder estudos que indicariam o pequeno impacto da ação humana sobre o aquecimento da terra. “Milhares de pesquisadores independentes trabalharam duro nos últimos anos e deixaram claro o efeito dramático das mudanças climáticas”, alertou Pachauri.
Ele lembrou que todos têm responsabilidade sobre os efeitos do aumento da temperatura do planeta. “A comunidade Internacional tem responsabilidade moral e material para combater as mudanças climáticas.”
Já o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Rasmussen, lembrou que o mais difícil é garantir um entendimento entre os países, levando em conta o grande número de interesses econômicos em jogo ao longo das discussões.
“Ninguém aqui pode subestimar nossas diferenças, mas o esforço é para que as diferenças sejam superadas”, sugeriu na abertura da cerimônia.
Os discursos de abertura foram precedidos por uma rápida apresentação cultural e um videoclipe, demostrando o impacto das mudanças climáticas sobre as próximas gerações. Mais de 20 reuniões estão marcadas neste primeiro dia de evento.