O grupo de teatro amador do Centro Universitário Cesmac estréia montagem da peça “Comeram Dom Pero Fernão de Sardinha” do dramaturgo e historiador alagoano, Luiz Sávio de Almeida. O espetáculo entrará em cartaz no Teatro de Arena Sérgio Cardoso (anexo do Teatro Deodoro) na segunda-feira (dia 26), às 20h. A entrada é gratuita.
Em curta temporada, até o dia 31, a peça – escrita e encenada pela Associação Teatro das Alagoas nos anos 80 – é uma tragédia moderna de cunho político que fala sobre exclusão e desigualdade social. A personagem central da trama é a fome que leva uma legião de miseráveis imigrantes alagoanos vindos de quatro regiões do Estado a devorar o bispo que dá nome à narrativa. A direção do espetáculo é assinada por Homero Cavalcante.
Na opinião do professor e ator Otávio Cabral, autor de uma tese de mestrado sobre o texto, trata-se de uma peça de terror ao estilo de Lessing, que provoca entre os espectadores “a mesma sensação de medo experimentada por alguém ao observar o sentimento do semelhante, ante a possibilidade de também ser atingido”, descreve.
De acordo com Cabral, ao tratar da fome, Luiz Sávio de Almeida discorre ao mesmo tempo sobre a exclusão social, a perda de valores, mostrando o homem como produto da própria degeneração que pode ficar desprovido de qualquer resquício de dignidade porque a fome corrói, corrompe e destrói.
“As personagens encontradas em Dom Pero já nasceram com fome, o que significa dizer que nunca conheceram a bonança e, portanto, não se enquadram naquele princípio idealizado por Aristóteles para o herói trágico, segundo o qual o efeito próprio da tragédia seria alcançado quando mostrasse o homem que, distinguido pela virtude e pela justiça, caísse no infortúnio, não porque fosse vil ou malvado, mas por algum erro cometido”, afirma.
A montagem do texto de Luiz Sávio de Almeida é a terceira realizada pelo Núcleo de Projetos de Extensão (NPE) do Cesmac nos últimos três anos. O primeiro espetáculo levado aos palcos pela instituição de ensino superior foi o “Auto da Perseguição e Morte do Mateu”, do jornalista alagoano Luiz Gutemberg, em 2007, e no ano passado o texto encenado foi “Calabar: Sonho e Liberdade”, de Homero Cavalcante.
Mais informações: (82) 3215 5094.
