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Alagoas

Cerca de 20 homens fortemente armados ameaçam trabalhadores do MST

Por volta da 01h40 da manhã desta quinta-feira (09/12), cem famílias de agricultores organizados no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram surpreendidas por cerca de vinte pistoleiros armados com metralhadora, pistola e revólveres que chegaram em vários carros ameaçando os militantes. A área conhecida como “Fazenda da Milu”, na Zona Rural de Cacimbinhas (175km de maceió), foi ocupada ontem pelas famílias Sem Terra. Além dos carros, uma ambulância do município de Cacimbinhas chegou transportando os jagunços armados.

O Movimento já mobiliza o envolvimento de entidades de direitos humanos para evitar um conflito na região, já que as famílias que estão em luta por seus direitos mais fundamentais não podem ser criminalizadas. Dados da CPT apontam que entre 2009 e junho de 2010 foram 20 assassinatos de lideranças camponesas e 96 ameaças de morte, prova do estágio atual de criminalização de famílias que se mantém em luta pelo direito à terra.

Para o MST, a luta pela Reforma Agrária é uma demanda da sociedade graças à chegada da industrialização no campo brasileiro desde a década de 1950 e à manutenção de um modelo agrícola baseado no latifúndio e no esgotamento dos recursos naturais. A chegada das indústrias de venenos e de maquinário agrícola no campo foi a principal responsável pelo ciclo de concentração de terras e expulsão dos trabalhadores das áreas rurais para as favelas na cidade.

Desde a década de 1980, com a criação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a política de reforma agrária é responsabilidade do Estado brasileiro. Entretanto, a falta de estrutura e orçamento para realizar as desapropriações de latifúndios que não cumpram sua função social (produtividade, respeito às leis trabalhistas e ambientais) tem sido uma barreira ao assentamento das cerca de 90 mil famílias de todo país que acampam esperando sua terra para plantar e produzir alimentos. Na prática, o Incra só realiza seu papel quando mobilizado pelos movimentos sociais do campo, através de ocupações, marchas e outras formas de pressão social.