A Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), investe, anualmente, em campanhas de castração para reduzir o número de animais que vivem em situação de rua e, assim, evitar o surgimento de zoonoses, que são doenças transmitidas de animais para humanos. Entretanto, a alta taxa de absenteísmo (não comparecimento) às consultas agendadas preocupa a gestão municipal, pois pode gerar atraso na fila de espera.
De acordo com o veterinário do Castramóvel, Sidney Michael, o número de tutores que deixaram de comparecer no dia da cirurgia vem atingindo, há dias, 90%. “Já tiveram dias em que, dos 15 animais agendados, 14 não compareceram. E os tutores, a grande maioria, sequer ligam para informar que não irão. Agendamos uma semana antes, aí, quando chega no dia da cirurgia, normalmente, eles não aparecem”.
Sidney explica que essa situação acaba atrasando e gerando uma fila de espera muito grande porque, segundo ele, “quando se abre o cadastro, existe uma meta a ser batida. Quando a pessoa confirma, nós esperamos que ela venha, para que a gente consiga bater a meta”, completa o veterinário.
Além das faltas, outros motivos têm gerado atrasos na fila, por exemplo, neste ano, 270 cadastros apresentaram documentação incorreta ou faltando, outros quatro cadastros foram de pessoas residentes em outros municípios, além de alguns apresentarem renda superior. Apesar de a coordenação do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) entrar em contato via e-mail, quando a questão é documentação incorreta ou incompleta, poucas pessoas respondem.
Com a implantação dessa política pública, mais de três mil animais já foram castrados pelo município. Só em 2022, o CCZ, através do Castramóvel, já realizou mais de 1.500 cadastros de população e ONG’s, com mais de 2.500 animais, sendo que 146 já passaram pelo procedimento. Esse número poderia ser maior, se não houvesse tanto absenteísmo, já que 62 animais do novo cadastro deixaram de comparecer para o procedimento.
Passo a passo
Para que seja realizado o cadastramento, o dono do animal deve acessar o link: https://bit.ly/3wQ7I5r. Segundo o veterinário, Sidney Michael, a efetivação do cadastro é o primeiro passo para a realização do serviço.
“Após o período de cadastro, os tutores são chamados seguindo uma ordem, em uma semana ou 15 dias antes para que tenham tempo para se programar. Então, eles vêm para o CCZ, onde os animais fazem o procedimento. Normalmente, os felinos passam por uma avaliação e a cirurgia já acontece no mesmo dia. Já os cães, passam por uma consulta pré-operatória, com coleta de sangue e avaliação física, e quando recebemos os resultados, informamos aos tutores se os animais estão aptos para a cirurgia”, explica Sidney.
Vale destacar que, apesar do serviço ser totalmente gratuito, exige alguns pré-requisitos: os responsáveis devem ter renda de até 1,5 salário mínimo e poderão cadastrar até cinco animais; no caso das ONG’s, essas podem cadastrar quantos animais quiserem. Os cães e gatos devem ter idade entre 4 meses e 8 anos de idade; animais comunitários, que vivem em locais públicos, poderão ser esterilizados, desde que alguém se responsabilize e tenha um lar temporário para a recuperação pós-cirúrgica, assim como também as ONGs, Projetos e Protetores Independentes. Lembrando que só estão sendo castrados animais machos.
Compromisso
O veterinário Sidney Michael chama atenção da população para o compromisso com o serviço.
“A castração é extremamente importante para que a gente consiga fazer o controle populacional dos animais errantes. Então, as pessoas precisam se conscientizar que não é só fazer o cadastro. É preciso vir, se comprometer em trazer o animal, fazer a castração, cuidar dos animais quando eles vão para casa. Para que possamos ter um controle dos animais errantes, bem como das doenças que eles podem passar para o homem, que são as zoonoses”, destaca o profissional.
Além de possibilitar o controle de animais, a castração é um procedimento cirúrgico que previne doenças como câncer de próstata, útero e mama, além de reduzir a agressividade e a demarcação de território, prolongando a vida dos bichinhos e dando uma melhor qualidade.
Beethoven foi um dos cachorrinhos que passou pelo procedimento recentemente. Segundo a sua tutora, a aracajuana Cristiana Rodrigues Souza, moradora do bairro 18 do Forte, o Castramóvel foi a única forma que ela teve de realizar a castração no seu animal, já que não possuía condições financeiras para arcar com a cirurgia de maneira particular.
“Eu fiz o cadastro pelo site, depois de uns 15 dias eles me ligaram, e agendaram para eu trazer ele para avaliação. Graças a Deus ele passou nos exames e tudo mais, tudo feito no CCZ e, agora, ele fará a cirurgia. A Prefeitura está de parabéns com esse serviço, o pessoal aqui é muito bem preparado, educado e me informou tudo direitinho”, conta a mulher, satisfeita, antes de levar o cachorrinho para a sala de cirurgia.
Cristiana foi uma das únicas que havia comparecido no dia agendado para a castração, na terça-feira do dia 19 de julho. Neste mesmo dia, outras duas pessoas haviam desistido de realizar o procedimento.