A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) recebeu mais uma denúncia de violência policial em Maceió. Um casal procurou a entidade para relatar que teve o imóvel no qual reside, localizado no bairro de Jacarecica, invadido por militares e que foi agredido gratuitamente, enquanto os policiais procuravam por uma suposta arma que, na verdade, não existia.
Após receber a denúncia, a OAB/AL encaminhou ofícios para o Ministério Público Estadual (MP/AL), a Delegacia Geral da Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar, para que a situação seja investigada tanto no âmbito administrativo, quanto no criminal. A Ordem vai acompanhar a apuração, oferecendo, inclusive, apoio psicológico às vítimas, que estão bastante abaladas.
De acordo com o relato, o fato aconteceu na tarde do dia 5 de agosto, quando o morador observou uma movimentação estranha no entorno de casa e, ao checar a situação, se deparou com um militar armado, em cima do muro, que pediu para que ele não se mexesse, permitindo depois que ele entrasse no imóvel para se vestir.
Pouco tempo depois de entrar em casa, o morador relata ter ouvido um forte barulho, decorrente do arrombamento do portão do imóvel. Conforme a denúncia, cerca de dez militares entraram no local, algemaram o homem e amarraram a mulher, dando início a uma série de agressões. O casal afirma que os policiais obrigaram a mulher a se ajoelhar no esgoto e que começaram a agredi-la na frente do companheiro. Tudo para que dissessem onde estava a suposta arma.
De fato, o armamento não foi encontrado e, ao perceberem que não havia nenhuma acusação contra os moradores, os policiais tiraram uma foto da filha do casal e ameaçaram matar todos, caso fosse feito algum tipo de denúncia.
Mesmo receoso, o casal formalizou denúncia na Central de Flagrantes, foi submetido a exames de corpo de delito e compareceu à Corregedoria da Polícia Militar e à sede da Rotam, onde chegou a identificar alguns dos agressores. Nesta quarta, os dois estiveram na sede da OAB, no Centro de Maceió, onde formalizaram denúncia junto à comissão.
A OAB/AL aguarda a resposta dos órgãos responsáveis para que as investigações sejam iniciadas. A Ordem dará apoio psicológico ao casal, que além das marcas da violência física, também apresenta transtornos psicológicos decorrentes da situação vivida.