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Alagoas

Casal reduz perdas e trabalha para acabar com a inadimplência

Casal investe em obras, com resultados positivos no volume de água ofertado aos usuários

Nos últimos anos, a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) passou por uma melhoria significativa, mas ainda há muito trabalho a fazer para que o serviço oferecido à população alagoana torne-se ideal. Foram implantadas ações para aumentar a arrecadação e, consequentemente, o investimento nas redes de abastecimento e saneamento de Alagoas.

Uma delas é a implantação do Programa de Redução de Perdas, realizado por meio de um convênio com a Companhia de Saneamento de São Paulo (Sabesp), e que já garantiu um maior volume de vendas à Casal em 2010 apenas com a correção das irregularidades e redução de perdas. Quase R$ 20 milhões já foram investidos no programa em Maceió.

Por meio do Programa de Redução de Perdas, em um ano, a Casal já conseguiu uma melhoria significativa em Maceió, com um ganho de 10,4% no volume de água colocado nas casas. “Isso significa que a Casal, entre os anos de 2009 e 2010, colocava e vendia uma quantidade de água para os clientes. No final de 2010, nós passamos a vender mais água, sem aumentar a produção. Passamos a vender mais água somente corrigindo as irregularidades e reduzindo perdas”, conta Álvaro Menezes.

Segundo ele, o convênio com a Sabesp tem validade de cinco anos, com os serviços operacionais sendo concluídos ainda em 2011, com a implantação de macromedidores e de hidrômetros e a colocação da válvula redutora de pressão.

Sistema melhora cobertura no Benedito Bentes

Em Maceió, mais especificamente na região do Benedito Bentes, uma experiência já vem apresentando bons resultados. Em meados de março do ano passado, a Casal iniciou um trabalho com o objetivo de até o final de 2010, ter 100% de cobertura de água para o Benedito Bentes I e II e adjacências. Em agosto, a Casal já estava com 100% de água no Benedito Bentes I e atualmente, o Benedito Bentes II está com 90% de cobertura.

“Lá foi feito só um programa de redução de perdas. Não aumentamos a quantidade de poços, nem de bombas. Fizemos uma divisão em distritos, colocamos as válvulas redutoras de pressão e macromedidores, além de hidrômetros, e passamos a controlar as perdas. Nós colocávamos para eles mais de 400 m³ de água e essa quantidade não era suficiente. Todos os dias o reservatório que fica próximo à Coca-Cola não enchia, vivia seco. Hoje não é mais assim. O reservatório enche, pega carga e nós estamos atendendo o Benedito Bentes I em 100% e o II em 90%”, conta o presidente da Casal.

Além de garantir água nas torneiras da população, com o trabalho de redução de perdas no Benedito Bentes, a Casal economizou um volume de 150 m³ de água por hora. “Hoje atendemos a comunidade do Benedito Bentes com 320 m³ de água por hora, aproximadamente. Os 150 m³ por hora restantes foram destinados para a Zona Baixa 1 (que corresponde à região da orla marítima da capital)”, explica Álvaro Menezes.

Em 2011, a Casal entrou no PAC 2 e já tem obras de abastecimento de água e esgotamento sanitário previstas para Maceió e Arapiraca. Um investimento de quase R$ 100 milhões. Um outro projeto que já está pronto e deve ser licitado em maio é o da Parceria Público Privada (PPP), que vai beneficiar a região do Agreste alagoano, a que mais sofre com deficiências no abastecimento, de acordo com o presidente da Casal, Álvaro Menezes. Um investimento de aproximadamente R$ 140 milhões.

“A maior deficiência no abastecimento de água hoje é na região Agreste, especialmente em Arapiraca, que tem 72h de água para um lado da cidade e 72h para o outro. Por meio da PPP, o Estado licita e quem ganhar a licitação executa uma nova captação no Rio São Francisco, em Traipu, uma nova adutora de 57km, uma estação de tratamento de água nova para Arapiraca e ainda deixa 500 m³ de água para a Mineração Vale Verde, que está se instalando em Craíbas”, destaca Álvaro Menezes. Segundo ele, o tempo de execução da obra é de 18 meses. “Se fizermos a licitação em maio, no final do ano a obra deve ser iniciada e, no início de 2013, concluída”, completa.

Inadimplência

A Casal é uma empresa pública que vive da própria receita dos serviços que vende, e apesar de a arrecadação ser crescente nos últimos anos, as contas a receber da Companhia atingem hoje um valor estimado em R$ 190 milhões. Para tentar reaver parte desse valor, a Casal contratou uma empresa que vem trabalhando desde o ano passado na cobrança dos inadimplentes.

Todas as contas de água com mais de 90 dias de vencimento estão sendo fiscalizadas pela empresa – contratada por meio do sistema de êxito, pelo qual ela recebe pelos serviços prestados na medida em que a Casal aumenta a arrecadação. Dos R$ 190 milhões que tem para receber de clientes particulares, parte se configura como os chamados débitos podres, cujos valores a Casal não vai mais receber por vários motivos, como a inexistência do imóvel, a falta de localização do cliente ou até mesmo por um erro da própria companhia na computação de valores devidos.

“Essa empresa vem trabalhando para limpar o cadastro e a Casal vai recebendo o que é realmente devido. O nosso desafio é justamente fazer com que os clientes que recebem o serviço paguem em dia”, conta.

Segundo Álvaro Menezes, parte dos R$ 190 milhões integra a inadimplência de curto prazo, do cliente que recebe a conta do mês e só paga no outro. “Esses são os clientes que priorizam outras contas que têm para pagar e acabam quitando aquelas que possuem cobradores mais fortes na porta. Quem cobra menos, como é o caso da Casal, recebe depois”, explica o presidente da companhia.

Segundo ele, para sanar esse tipo de inadimplência, a Casal tem investido em um sistema de cobrança para fazer com que as pessoas paguem a conta de água dentro do vencimento. “Hoje essas cobranças são feitas por meio de visitas, mas nós estamos terminando uma licitação do call center 0800 para que os clientes recebam uma ligação sempre que estiver perto da data de vencimento da conta”, afirma Álvaro Menezes, enfatizando que a intenção da Casal é apenas receber pelo serviço oferecido, sem a intenção de cortar o fornecimento de água aos consumidores.

A inadimplência de curto prazo acontece em todo o País. De acordo com Menezes, as companhias de saneamento de vários estados trabalham com uma inadimplência média mensal de 15%. “É como se a gente colocasse 100 para vender e só conseguisse receber, no mesmo mês, 85. Esse valor é recuperado no mês seguinte, mas vai gerando um passivo, que cai na formação das contas grandes e acaba fazendo parte dos R$ 190 milhões das contas a receber”, destaca.

Clandestinidade

Além da inadimplência, outro problema enfrentado pela Casal são as ligações irregulares. Em todo o Estado, estima-se que 20% das ligações estejam fora do sistema da Companhia. Para combater a clandestinidade, a Casal tem deflagrado diversas campanhas de fiscalização na capital e no interior do Estado. Por meio delas, funcionários da companhia visitam os imóveis e fazem a verificação dos hidrômetros – quando existem -, e a verificação do ramal. “Essas irregularidades só podem ser flagradas por meio das fiscalizações”, diz Álvaro Menezes.

Abastecimento

Um problema de deficiência no abastecimento de água em Maceió vem sendo enfrentado pela Casal na Zona Baixa II, região que vai do Centro até as lagoas. Lá, muitas são as reclamações porque existe uma grande quantidade de rede para ser trocada, e porque o reservatório, que fica no Parque Gonçalves Lêdo, vive praticamente seco.

Para melhorar o serviço na localidade, a Casal já apresentou uma proposta para a Sabesp para ampliação do contrato. Segundo Álvaro Menezes, existe interesse por parte da Companhia paulista e o Banco Mundial já esteve em Alagoas para ser parceiro no processo.

A Casal também vem desenvolvendo um projeto de melhoria do sistema da Bacia Leiteira para que o problema da falta de água na região possa ser resolvido dentro dos próximos quatro anos, melhorando o abastecimento nos 19 municípios ligados à adutora da Bacia Leiteira. Com mais de 30 anos de funcionamento, o sistema adutor tem apresentado diversos problemas, prejudicando a população que acaba ficando sem água em casa.

Obras em andamento

Atualmente, estão em andamento em Maceió grandes obras contratadas pela Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) e que estão sendo acompanhadas pela Casal, que será a responsável pela operação posteriormente. Os investimentos na área de saneamento na região da Bacia da Pajuçara fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e chegam a R$ 100 milhões. Na região da orla lagunar, a Casal está fazendo o acompanhamento de investimentos para abastecimento de água, anel de distribuição e mudança da rede. Lá, já foi terminado o esgotamento sanitário e a Companhia de Saneamento de Alagoas já está operando.