
A recorrência que ocorre no Pontal do Peba de reuniões e outros encontros antes do período de carnaval, para tentar que não ocorram exageros promovidos por “paredões” de som durante aquele evento, parece-me que não será neste ano que chegarão a um bom termo.
Isto porque a maioria dos proprietários de imóveis de temporadas na praia, que utilizam este período para descanso, são contra os barulhos ensurdecedores que, de fato, lhes incomodam e não os deixam ter uma noite de sono tranquilo.
Por outro lado, os residentes permanentes do distrito são terminantemente a favor, argumentando que estes sons, por mais desordenados que sejam, trazem a alegria deste acontecimento anual.
Nestas reuniões, normalmente, comparecem representantes dos residentes permanentes e temporários, da promotoria de justiça, do judiciário, da Polícia Militar, Ibama, políticos, vereadores, secretários municipais, proprietários de pousadas, bares, restaurantes e do comércio.
Por ser um assunto agregado ao tema – o desenvolvimento local e a vinda de nossos empreendimentos, sejam imobiliários, hotelaria e comércio – também são tratados, o que melhora a discussão.
As pessoas contrárias aos paredões argumentam, com muita propriedade, que o som alto afugenta todos interessados que visitam o local nos diversos eventos anuais, carnaval, semana santa, férias, gincanas e festas de fim de ano, pois desistem da intenção de investir em qualquer segmento econômico, desde a compra de um terreno até a construção de uma pousada, pois a visão empresarial/empreendedora leva em conta diversas variáveis antes de decidir onde investir.
Já os que são a favor afirmam, com alto nível de crença, que os paredões atraem muitos visitantes que consumem itens do comércio local como bebidas e comidas, proporcionando lucro aos comerciantes locais e que a população flutuante (proprietários de imóveis de veraneio), não efetuam compras no comércio local. Este argumento é contestado com o argumento de que são instaladas barracas de pessoas de fora do município e este são os que vendem estes itens que já trazem de fora, não adquirindo no comércio local. Também alegam que não efetuavam compras nos estabelecimentos locais, quando no passado, não havia oferta e que a realidade atual é diferente.
E no meio deste fogo cruzado vemos um Ministério Público e o Judiciário lembrando a todos da obrigatoriedade de obediência à lei quanto a limitação da altura e do horário da intensidade da propagação do som, mas que a efetividade do cumprimento da lei depende da ação intensiva da Polícia Militar, que sempre alega indisponibilidade necessária do seu quadro efetivo de policiais para realizar esta fiscalização durante os festejos. Esta alegação já se tornou genérica há algum tempo.
A posição dos políticos é contraditória, pois move-se de acordo das marés (o Peba é litoral) tendendo à corrente que leva os votos, nem sim, nem não, muito ao contrário.
Aparentemente estas opiniões controversas é cultural e retroalimentada pelas posições e atos dos seus integrantes. Do lado dos nativos desde as primeiras construções de residências de veraneio os seus proprietários são considerados forasteiros invasores que só consideram os seus interesses, não se importando com os lá radicados. Posição retrógrada da época que não encontra espaço atualmente, pois o desenvolvimento de qualquer localidade envolve pessoas de fora (imigrantes internos) e seus capitais.
Por outro lado, nota-se que residentes temporários de vez em quando tomam atitudes como se o Peba fosse um distrito de Penedo, promovendo reuniões onde são discutidos assuntos de fato só seu interesse e provendo ações individuais que não são bem recebidas pelos residentes permanentes da localidade.
Infelizmente na atualidade por forte influência política, a radicalização de ações vem reeditando o folclórico “farinha pouca, meu pirão primeiro”, que não leva a lugar nenhum. O vetor principal que beneficiará a todos, de fato é o desenvolvimento perene que para se tornar objetivo comum tem que ser construído com diálogo permanente destas duas partes e que as opiniões dos residentes permanentes sejam sempre levadas em conta e os residentes eventuais sejam considerados cidadãos que pagam os mesmos impostos e seus investimentos proporcionará melhores cenários para todos. É só observar o que acontece em Maragogi, Japaratinga, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e os outros municípios circunvizinhos.
Uma esperança de mudança é que o vice-prefeito do município, Carlos Ronalsa é o novo Secretário de Turismo, e tem intenções de residir no Peba para promover ações que até então nem sequer foram intencionadas. Vamos deixar o ceticismo ao lado e acreditar que melhorias irão acontecer.