O Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mesmo envolvido em polêmica após ter classificado – com desculpas posteriores – os ruralistas como vigaristas, não acha difícil o encontro de um caminho comum, em acordo com os os empresários.
– Fizemos um acordo com o setor da soja, e o setor cumpriu. Não se compra mais soja de área desmatada. Houve também um acordo com os exportadores de madeira. Hoje, eles só compram madeira de manejo, certificada, e aumentamos a oferta da madeira legal. Fizemos um pacto com a Vale do Rio Doce, que só vende minério para guserias que não tenham sido multadas ou embargadas por uso ilegal de madeira para combustível. O ministro relata que chegou muito perto de um entendimento com a Associação dos Exportadores de Carne, mas que, depois de tudo encaminhado, com a chegada da crise, os empresários pediram adiamento do pacto.
– Eu disse que este era um grande erro, pois a questão ambiental não iria prejudicar, ajudaria. Assumindo compromissos ambientais ficaria mais fácil tomar empréstimos para modernizar as cadeias de fornecedores, modernizar o abate legal, para recuperar áreas degradadas, preservando áreas primárias da Amazônia. O presidente da Abiec concordou, mas não conseguiu convencer os frigoríficos que integram a entidade. Moral da história: se estreparam. O Ministério Público do Pará caiu em cima, os supermercados não querem mais comprar carne de gado criado em áreas desmatadas. A indústria nacional e estrangeira também não quer mais comprar couro originado dessas áreas. E eu estou estimulando o consumo consciente. E mais, estou estimulando o boicote. Há normas determinado que o BNDES, que tem R$ 100 bilhões para empréstimos, não poderá dar crédito a quem comete crime ambiental. Se a soja entrou na linha, se a madeira entrou na linha, se o minério entrou na linha, porque que vamos ter que a pecuária continue sendo o grande desmatador da Amazônia? A pergunta é a seguinte: é a lei que tem que se adaptar ao desmatador ou o desmatador que tem que se adaptar à lei? Metade das fazendas cumpre a lei. A outra metade, que não cumpre, terá que entrar na linha ou não vai ter um centavo de crédito do BNDES – adverte.