Não é só o cenário rico em belezas naturais que chama a atenção dos jornalistas e operadores de turismo que acompanham, até esta segunda-feira(19), a Expedição Caminhos do Imperador. Uma das atrações da expedição foi feita pelo homem e já foi muito utilizada no transporte de alimentos e de pessoas em décadas passadas, trata-se da Canoa de Tolda, tipo de embarcação que já foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Ela possui duas velas, duas tábuas de bolina e um leme, que são os responsáveis pela locomoção da embarcação no rio. Por não possui motor, a Canoa precisa aproveitar ao máximo a força do vento que sopra sobre o Velho Chico. Enquanto navega, ela exibe elegância e exuberância, o que atrai a atenção dos curiosos.
Hoje, em todo o mundo, só restam apenas três exemplares da Canoa de Tolda, uma delas é a Piranhas, que pertence ao município que lhe dá o nome e que acompanha a expedição Caminhos do Imperador, sob o comando dos mestres Aurélio de Janjão e Dos Santos. A outra é a Luzitânia, que está no município de Brejo Novo, em Sergipe, e que foi tombada em 2008. A terceira pertence ao acervo do Museu do Mar, que fica em Santa Catarina.
Segundo conta Jairo Oliveira, turismólogo e idealizador da Rota do Imperador, por onde a Canoa de Tolda passa deixa os ribeirinhos emocionados. “Todo mundo que é ribeirinho um dia já andou na Canoa de Tolda e por isso eles se emocionam quando a vêem passar. Esse tipo de embarcação foi muito importante para a economia da região no passado. Existiam mais de cem delas e hoje só restam três”, afirma.
A embarcação ganhou esse nome por conta de uma parte coberta que possui. Era dentro da tolda que os tripulantes faziam comida e dormiam, enquanto navegavam pelo São Francisco, já que o transporte de alimentos e de pessoas de um canto a outro era muito demorado, chegando a durar dias, a depender da força do vento.
A jornalista Simone Siman, das revistas Na Poltrona e da Go Outside, contou que se sentiu privilegiada pela oportunidade que teve de ver uma raridade. A emoção foi tanta que ela fez questão de fotografar uma criança da região dentro da canoa.
“Qualquer ribeirinho que tem mais de 45 anos já andou em uma Canoa de Tolda, mas as novas gerações não. Eu convidei uma criança para compartilhar com ela essa história, até para incentivá-la a preservar esse patrimônio, pois as pessoas só preservam aquilo que conhecem”, afirmou.
As fotografias foram tiradas por Simone durante a passagem da expedição no município de Propriá, em Sergipe.
Segundo Jairo, a Canoa de Tolda veio para cá com os holandeses, mas o seu estilo é egípcio.
