Responsável por 78% dos tratamentos de câncer em Alagoas e com 91% de sua clientela formada por usuários do SUS, o Centro de Oncologia e Hematologia da Santa Casa de Maceió está longe de alcançar sua capacidade máxima de atendimento.
Realizando cerca de 980 consultas/mês e 1.360 tratamentos mensais de quimioterapia e de hormônio, o Centro de Oncologia tem condições de realizar até 2.080 consultas/mês e 6.084 sessões de tratamentos mensais. O oncologista clínico Divaldo Rodrigues de Alencar diz que Alagoas realiza menos tratamentos oncológicos que estados como o Rio Grande do Norte e o Piauí, que possuem o mesmo perfil populacional.
Segundo o Datasus, os dois estados gastaram com quimioterapia nos últimos 12 meses R$ 28,3 milhões e R$ 21,5 milhões, respectivamente. Enquanto isso, Alagoas desembolsou apenas R$ 13,8 milhões. Considerando o custo por habitante, o Rio Grande do Norte e o Piauí registraram R$ 9,11 e R$ 6,90, cada um, enquanto Alagoas gastou apenas R$ 4,43 por habitante. Ou seja, o Rio Grande do Norte tem mais pacientes em tratamento que Alagoas, apesar de ambos terem o mesmo número de habitantes: 3,1 milhões.
“Essa diferença ocorre principalmente devido à dificuldade de acesso da população a exames que são fundamentais para que seja confirmado o diagnóstico e iniciado o tratamento”, explicou o médico.
Segundo a coordenadora do Serviço de Oncologia Clínica da Santa Casa de Maceió, Andréa Albuquerque Costa, existe uma projeção para que surjam até o final do ano nada menos que 400 mil casos novos de câncer no Brasil, o que posiciona a patologia como a segunda causa de mortalidade no País com 13% do total de óbitos. “Os tumores de próstata e de pulmão (nos homens) e de mama e do colo do útero (nas mulheres) são as neoplasias mais recorrentes no Brasil depois do câncer de pele.”
Internamentos
Os dois maiores hospitais de Alagoas – ambos filantrópicos – foram responsáveis por 71% dos internamentos em oncologia clínica realizados pelo SUS. Segundo dados do Datasus, somente a Santa Casa de Maceió realizou 51% deste total, ou seja, nada menos que 1.100 tratamentos.
No mesmo período (junho de 2008 a maio de 2009), unidades como o Hospital Geral do Estado realizaram apenas 51 tratamentos, o que equivale a apenas 2% do total registrado em Alagoas.
“Os dados revelam que os hospitais filantrópicos estão fazendo a sua parte para atender aos pacientes do SUS e salvar vidas”, resumiu o provedor da Santa Casa de Maceió, Humberto Gomes de Melo.
Falando em nome da Fenaes (Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde) e do Sindhospital/AL, entidades que preside, Humberto Gomes responde a críticas de que os hospitais filantrópicos não estariam atendendo aos pacientes do SUS.
“Enquanto o custo de cada tratamento é, em média, de R$ 2.109,94, o SUS repassa apenas R$ 542,05, gerando um prejuízo de R$ 1.567,89. Ainda assim os pacientes estão sendo atendidos na rede conveniada ao SUS.