Lotes com cerca de seis hectares de área irrigada para plantio de melão e de abacaxi, com incentivo para a criação de caprinos e ovinos por famílias que sobrevivem em regime de agricultura familiar no Sertão alagoano que tiveram terras desapropriadas por conta do Canal do Sertão. Estas foram as promessas do governo estadual relacionadas ao aproveitamento da obra, propostas apresentadas durante seminário realizado em Pariconha nesta quarta-feira, 14.
O governador Teotônio Vilela Filho enfatizou por diversas vezes que o canal tem como principal objetivo atender à agricultura familiar. “O foco do Canal do Sertão é o produtor familiar. Nenhuma outra política de desenvolvimento a partir do canal irá beneficiar outra pessoa a não ser o produtor familiar”, assegurou Vilela diante de uma platéia formada pelos maiores interessados no uso da água captada do rio São Francisco.
Canal do Sertão está orçado em R$ 2,1 bilhão
O governador compareceu ao seminário promovido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) de Alagoas e o movimento Território da Cidadania acompanhado por outros integrantes de sua administração para anunciar o que pretende fazer da obra orçada em R$ 2,1 bilhão. Segundo o coordenador do Canal do Sertão, Ricardo Aragão, o tamanho dos lotes foi definido com base na estimativa de geração de renda de três salário mínimos ao produtor, critério estabelecido pelo Ministério da Integração Nacional.
O secretário estadual de Agricultura, Jorge Dantas, assegurou que a prioridade será para a ocupação do perímetro a ser irrigado será direcionada aos pequenos produtores da região que moravam nas terras desapropriadas. “Vamos criar um centro de capacitação em Piranhas para que estas famílias possam receber todas as orientações necessárias e assim possam provar que estão aptas para a produção”, ressaltou o secretário durante o evento Alto Sertão.
Ovinos, caprinos, abacaxi e melão
Sobre as culturas a serem exploradas, a criação de ovinos e caprinos é apontada como alternativa viável, inclusive por ser tradicional entre os sertanejos. “Pensamos na ovinocaprinocultura por apresentar o potencial de geração da renda previsto pelo Ministério e por ser uma cultura que o sertanejo está acostumado”, comentou Ricardo Aragão. Jorge Dantas acrescentou a possibilidade do plantio de abacaxi e de melão e assegurou que o governo dará todo o suporte técnico para os produtores que optarem por este tipo de criação.
Já em relação às políticas que serão adotadas para os povos indígenas e comunidades quilombolas, o coordenador do Canal do Sertão sugeriu que seja realizado um seminário exclusivo para discutir as questões relacionadas às minorias. Financiado com recursos do governo federal e emendas de parlamentares, o Canal do Sertão terá 250 quilômetros de extensão e levará água para 42 municípios, chegando até Arapiraca, beneficiando cerca de um milhão de pessoas em seu percurso.
Socialização das informações
O diretor da Fetag Cícero Nascimento, defendeu a necessidade de divulgação de tudo o que se refere ao canal. “Esta socialização das informações, através de relatórios, fará com que os trabalhadores acompanhem as ações e assim possam sugerir medidas que possam ser adotadas dentro da realidade das comunidades”, justificou o sindicalista. A propaganda oficial afirma diz que 45 quilômetros do canal estão concluídos, primeira etapa do projeto que atenderá as populações de Delmiro Gouveia, Água Branca e Pariconha.