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Campanha Eleitoral: quem é coxo parte cedo

Desprezando-se as raras exceções de candidatos com excepcionais qualidades de liderança e credibilidade, dificilmente uma campanha eleitoral de véspera resultará positiva. A regra geral, aplicada especialmente às cidades de pequeno e médio porte, é que o candidato, não podendo atuar em tempo integral como político de fato, que seria o ideal, que dê partida, no mínimo, com dois anos de antecedência. Nessas cidades, Penedo incluída, a visibilidade e o contato direto com o eleitor é imprescindível. Essa iniciativa, portanto, não pode se dar num tempo curto para não despertar no eleitor, calejado na cisma das boas intenções dos candidatos, um sinal de evidente oportunismo. Nada peca mortalmente contra o político do que a sua posição oculta.

Quase todos os políticos sabem da importância dessa estratégia, mas não a põem em prática sob a alegação do desgaste físico, psicológico e financeiro. Infelizmente, são os ossos do ofício. No que tange aos gastos financeiros, oriundos em grande parte da exploração do eleitor viciado, hão de convir que a culpa desse mal é exclusiva dos maus políticos que criaram o círculo vicioso entre a compra e a venda do voto. Se fossem e soubessem ser autênticos políticos através do poder do convencimento das boas intenções e expondo projetos de governo, estariam livres de ingerir o próprio veneno. E enquanto perdurar a prática eleitoral do político corrupto e do eleitor venal, nosso quadro político, feio e sem moldura, carcomido pelo vício, continuará senda da pior qualidade. Como a prática de um ato tende a sedimentá-lo, impedindo, no caso em apreço, a germinação das boas instituições, quando teremos eleições limpas e respeitáveis? Nunca.

Numa pesquisa eleitoral, feitas há muitas semanas atrás, na qual foi exibida uma relação de prováveis candidatos a prefeito de Penedo, foram realizadas algumas simulações entre os mesmos, mostrando, na atualidade, as preferências do eleitor. Na sua composição foram enumerados os senhores Márcio Beltrão, Israel Saldanha, Raimundo, Ronaldo, Tico e Ivana.

O que chama a atenção, faltando pouco menos de um ano da eleição, somente aparece como candidato declarado o Március Beltrão e um talvez do atual prefeito. Os demais continuam silenciosos, em cima do muro. Ora, se o melhor colocado nas simulações, o Március, há muito tempo está em campanha, o que falta aos demais candidatos, na hipótese de saírem candidatos, para botarem o bloco nas ruas? Não estou a referir-me, é evidente, a uma campanha ostensiva, mas pelo menos de contato e conversa de pé de ouvido. Estão zerados e nós nos perguntamos se mais uma vez teremos uma eleição de cara ou coroa, pobre de opções.

Em outra hipótese, será que devemos presumir que dentre os prováveis candidatos existe pelo menos um autêntico orador de massa, capaz de levá-la à loucura, manobrá-la a seu bel prazer através de uma espécie de hipnose coletiva, como fez Hitler na Alemanha? Tudo é possível.

Entretanto, afastada essa fantasia, temos de admitir que Penedo, semelhante à história dos grandes impérios, teve o seu crescimento, atingiu o apogeu e em seguida ao declínio, vivendo acomodada na memória do passado ou, como diria Camões, dos feitos assinalados. Nessa queda se faz notar claramente o eclipse de novas lideranças políticas. Afinal de contas, o que está acontecendo, há mais de trinta anos, com as gestações da nossa velha e querida Penedo? Devemos acreditar na sua definitiva extinção? Seria um tremendo castigo!

Para o nosso alento, resta-nos tão-só a lembrança dos últimos moicanos, os doutores Hélio Lopes, Alcides Andrade, Raimundo Marinho e o Senhor Dema Pereira. Será que está a sofrer uma provação? É o que nos parece. Até quando suportará essa condenação que a obriga a continuar gerar filhos politicamente estéreis?