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Brasil/Mundo

Campanha contra poliomelite acontece neste sábado (19/09)

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, lançou a segunda etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite na manhã desta sexta-feira, 18 de setembro, na comunidade ribeirinha de Paricatuba, no município de Iranduba (AM). A segunda etapa da campanha de imunização será neste sábado, 19 de setembro. A meta é atingir cerca de 14,7 milhões de crianças — o que representa 95% das crianças menores de cinco anos.

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Maria Arindelita Arruda, explica que, embora a doença já tenha sido erradicada no Brasil, é importante que as crianças menores de um ano tomem as gotinhas. “Não temos mais evidência da circulação no nosso país, mas o vírus ainda circula no mundo e vamos manter nosso território com crianças vacinadas”, afirma Maria Arindelita.

Cerca de 115 mil postos de vacinação, em todo o país, estarão envolvidos no processo. Serão aproximadamente 350 mil pessoas trabalhando na campanha, que contará com a utilização de 40 mil veículos (terrestres, marítimos e fluviais). A primeira etapa foi realizada em 20 de junho e atingiu 95,7% do público alvo. Com o slogan “Não dá pra vacilar. Mais uma vez, tem que vacinar”, a campanha do Ministério da Saúde teve investimento, na primeira e segunda fase, de R$ 47,6 milhões: R$ 21,8 milhões na compra dos imunobiológicos; R$ 13,9 milhões nas transferências para as Secretarias Estaduais de Saúde (SES) e Secretarias Municipais de Saúde (SMS) e R$ 12 milhões em campanha publicitária.

Os bebês devem receber a vacina aos dois, quatro e seis meses. Aos 15 meses, as crianças recebem o primeiro reforço. Mesmo assim, é importante que, até completar cinco anos de idade, elas tomem anualmente as duas doses distribuídas na Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite. Esses reforços são importantes porque a doença é transmitida por três tipos de vírus. Se a criança não desenvolveu a imunidade com relação a um deles, com as várias doses, ela tem oportunidade de se proteger.

O Ministério recomenda, de forma sistemática, que crianças que estejam com febre ou alguma infecção procurem um médico antes de receberem as gotinhas. Sob orientação profissional, a vacinação desse paciente pode ser adiada para quando ele estiver melhor.

COOPERAÇÃO – A bordo do Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) Dr. Montenegro, Temporão aplicou as primeiras gotinhas nas crianças da população ribeirinha de Paricatuba, graças a um termo de cooperação assinado entre o Ministério da Saúde e a Marinha do Brasil em 1992 para oferecer a assistência médico-hospitalar, odontológica e sanitária às populações ribeirinhas da Região Amazônica.

A proposta do Ministério é levar as ações de assistência à saúde às comunidades ribeirinhas e a outras populações distantes dos centros urbanos. Geralmente, essas regiões têm poucos serviços de saúde públicos ou privados e enfrentam problemas como a falta de atividades econômicas estáveis e de água potável e esgoto tratado.

No acordo de cooperação, o MS repassa recursos financeiros para a manutenção dos navios, a compra de medicamentos e a realização das missões nas comunidades ribeirinhas. Do outro lado, a Marinha do Brasil faz ações de medicina preventiva e vacinação; odontologia; educação sanitária por meio de palestras; e atendimento médico, cirúrgico e odontológico.

ATENDIMENTOS – O convênio entre o Ministério da Saúde e a Marinha do Brasil permite que cada pólo seja visitado, pelo menos, duas vezes por ano. Para atender as populações que vivem às margens dos 21 mil quilômetros de rios navegáveis da Amazônia, os navios e suas tripulações ficam distantes do porto sede, em média, 170 dias por ano. Anualmente, são realizados cerca de 110 mil procedimentos, o que permite a cobertura de uma parcela de até 70% das pessoas residentes nessas localidades.

Disponível durante todo o ano nos postos de saúde e nas campanhas de vacinação, a imunização contra a paralisia infantil também pode ser aplicada durante as Operações de Assistência Hospitalar à População Ribeirinha (ASSHOP). Embarcado nos navios, o corpo clínico da Marinha do Brasil visita cada localidade dos pólos de saúde, pelo menos, duas vezes por ano.

Entre 1996 e 2009, o corpo clínico da Marinha realizou 1,6 milhão de atendimentos em 574 localidades ribeirinhas, divididas em 13 pólos de saúde nos estados do Amazonas, Acre, Pará, Roraima e Amapá (veja quadro no fim do texto). Para isso, o Ministério da Saúde aplica anualmente de R$ 6 milhões a R$ 8 milhões.

Nos Navios de Assistência Hospitalar (NAsH) Oswaldo Cruz (U-18), Carlos Chagas (U-19) e Dr. Montenegro (U-16), neste ano (até setembro), foram realizados 97.671 atendimentos, perfazendo um total de 26.613 pessoas assistidas pelos NAsH. As doenças mais comuns são cárie dentária, malária, hepatite, parasitoses intestinais, infecções do trato urinário, cefaleia e hipertensão arterial, entre outras.

ESTRUTURA – Além de oferecer toda a estrutura para atendimento médico e odontológico, os navios Oswaldo Cruz e Carlos Chagas são equipados com helicóptero e lanchas para atender comunidades distantes da margem navegável dos rios. Os navios operam com militares. São 45 profissionais no NAsH Dr. Montenegro e 52 em cada um dos outros dois. Geralmente, um NAsH, em viagem, transporta quatro oficiais médicos, quatro oficiais cirurgiões-dentistas, um oficial farmacêutico e sete praças (suboficiais, sargentos e cabos) enfermeiros.

Embora o termo com o MS tenha sido assinado apenas em 1992¸ há mais de quarenta anos, os NAsH e, antes deles, as Covertas que a Marinha do Brasil possui na região, oferecem assistência médica e são conhecidas pelas populações ribeirinhas como os “Navios da Esperança”.