O que acontece no futebol brasileiro é uma coisa realmente sui generis. A cada convocação da seleção canarinho os clubes e torcedores veladamente torcem contra a convocação de seus atletas. O que deveria ser uma honra ao ter seus atletas no selecionado nacional, como ocorre em qualquer país, aqui acontece exatamente ao contrário. Na verdade, existe, é claro, o interesse de qualquer clube ter seu jogador na seleção nacional, isso é importante financeiramente, um orgulho para clube e para o jogador e, além de tudo, rende bons frutos na hora em que eles são negociados.
Afinal jogar na seleção é ter o atleta em uma das vitrines mais importantes do futebol. A grande questão do futebol brasileiro é um problema que persiste há mais de 20 anos: a existência de jogos oficiais dos campeonatos nacionais nas datas FIFA.
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Os clubes brasileiros investem pesado na contratação de jogadores, sendo que alguns desses clubes inclusive vão além de suas condições financeiras para poder se reforçar e ter seus atletas disponíveis para jogar nas competições. São pagos altos preços nas transferências e salários estratosféricos. Mas na hora que os clubes mais precisam não podem contar com eles.
A criação das chamadas “Datas Fifa” aconteceu em 2002 com o intuito de acabar de vez com esse problema da liberação ou não de atletas para as suas seleções nacionais.
A partir dessa premissa os clubes não mais entrariam em campo em determinadas datas, tendo os campeonatos uma parada curta. Dessa forma os atletas poderiam atuar em suas respectivas seleções sem que isso significasse prejuízo esportivo para os clubes.
Infelizmente no Brasil as coisas não funcionaram assim e podemos dizer sem medo de errar que não funcionam até hoje. Essa regra tão básica e de suma importância para os clubes nunca foi respeitada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Na França, Itália, Inglaterra, Alemanha e outros países os campeonatos são suspensos durante essas datas pré-determinadas pela FIFA e apenas na Espanha temos jogos, mas somente da 2ª Divisão.
Inclusive a partir de 2012 os clubes com jogadores convocados passaram a receber uma determinada quantia por cada dia em que o atleta está afastado do clube de origem.
Entretanto é uma quantia simbólica que obviamente não cobre o prejuízo assumido pelos clubes. Aliás, um dos maiores prejuízos ocorre quando um jogador convocado para representar o seu país volta para casa lesionado e obrigado a ficar semanas ou meses afastado para se recuperar de uma lesão adquirida representando seu país.
Calendário Brasileiro dificulta a paralização dos jogos
A CBF apesar de ter a intenção de alterar esse quadro futuramente e respeitar a decisão da FIFA, encontra sérias dificuldades devido ao nosso calendário confuso e inchado.
O problema pelo visto não estará resolvido nem mesmo em 2022, já que os estaduais em geral se iniciam em fins de janeiro, a seguir teremos o Brasileirão e a preparação para Copa do Catar no final de 2022.
Com certeza serão tempos difíceis para muitas equipes nacionais que tenham atletas convocados. O curioso é que no regulamento de 2021, não constava o artigo que permitia o adiamento das partidas devido às convocações para as seleções.
Esta semana o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, demonstrou publicamente sua indignação pela não paralisação do Campeonato Brasileiro durante o período das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022.
O técnico rubro-negro Renato Gaúcho também falou sobre os 4 desfalques da equipe, já que De Arrascaeta (Uruguai), Everton Ribeiro (Brasil), Isla (Chile) e Gabriel (Brasil) estão ausentes por terem sido convocados às suas seleções nacionais. Um preço a se pagar para quem tem os melhores elencos.