Ex-coronel Cavalcante e seu irmão Marcos Cavalcante foram absolvidos
O ex-tenente coronel Manoel Cavalcante e seu irmão Marcos Cavalcante foram considerados inocentes no processo que investiga a morte do cabo Gonçalves, crime registrado no ano de 1996 em um posto de combustíveis localizado às margens da Via Expressa, em Maceió. O julgamento foi realizado nesta terça-feira, 25 de outubro, no Fórum do Barro Duro, localizado na capital alagoana e foi conduzido pelo juiz Maurício César Brêda.
Cavalcante chegou a pedir perdão e declarou que após 14 anos na prisão aprendeu a ver a vida de uma forma diferente, sendo seu único desejo no momento, cuidar de sua família, mesmo acreditando que em liberdade correrá risco de vida. Em seu depoimento, Cavalcante voltou a culpar os deputados João Beltrão e Antônio Albuquerque e o ex-parlamentar Francisco Tenório pelo crime.
Antes da sentença ser lida, a irmã do cabo Gonçalves, que figurou no processo como testemunha de acusação, chegou a declarar que perdoava o até então acusado, mas que jamais esqueceria o sofrimento passado por ela e por todos de sua família. Segundo ela, no velório do cabo Gonçalves, homens encapuzados invadiram o local e empurraram o caixão, levando as pessoas que choravam sob o corpo da vítima a sair correndo e gritando pelas ruas.
Cavalcante sempre negou que tivesse participado do crime. Segundo ele, uma reunião foi realizada para tratar de todos os detalhes de como deveria ser feita a execução. Alegando que não tinha outra saída a não ser se calar, o ex-coronel contou que apesar de saber de como tudo aconteceria não foi ao local do crime e só soube que a operação tinha sido exitosa por terceiros.
O ex-coronel declarou ainda que não teve coragem de direcionar o fato às autoridades competentes porque muita gente poderosa, a exemplo do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas da época, estava envolvido no crime. Cavalcante contou que dias antes do crime foi procurado pelo deputado estadual João Beltrão para participar de uma reunião na fazenda do deputado Antônio Albuquerque, em Limoeiro de Anadia. Chegando lá, contou o acusado, o então deputado Francisco Tenório já os aguardava para juntos tramarem a morte do cabo Gonçalves.
Segundo Cavalcante, outra reunião foi realizada no dia do crime, desta vez na casa do tenente Silva Filho, no bairro do Farol, na capital alagoana. Lá, os deputados, o ex-coronel Cavalcante e seu irmão Marcos Cavalcante ficaram esperando o telefone do hoje ex-deputado Francisco Tenório, que ficou responsável por descobrir a que horas a vítima abasteceria seu veículo no posto de combustíveis Veloz, com um vale que o próprio parlamentar tinha dado. Os parlamentares negam participação no crime.
Manoel Cavalcante finalizou seu depoimento dizendo que o crime foi cometido por policiais militares e que as armas utilizadas na execução pertenciam aos deputados, acrescentando que João Beltrão fez questão de assistir de perto o crime sendo executado
