O Brasil foi definido, por 11 países das Américas, como referência em política pública de saúde voltada à população masculina. E, por solicitação dessas nações, o Ministério da Saúde vai ajudar os vizinhos a desenvolverem políticas semelhantes às brasileiras.
O pedido foi feito ao final de encontro internacional realizado em Brasília, que reuniu representantes do Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Peru, Equador, Costa Rica, México, Guatemala e Canadá, além do Brasil.
O interesse desses países demonstra que a saúde da população masculina entrou na agenda de prioridades. Como isso, o objetivo é criar uma rede de prevenção e atenção à saúde dessa parcela da população, fortalecendo a estratégia no continente americano.
Na América Latina, o Brasil desponta como pioneiro nessa ação. Em todo o mundo, só três países tomaram a decisão de implementar políticas focadas na prevenção e promoção à saúde masculina: Brasil, Austrália e Irlanda.
Homens são resistentes em todos os países
Com realidades semelhantes (principalmente nas Américas Central e do Sul), os 11 países fizeram – durante o I Seminário Internacional de Saúde do Homem nas Américas – um diagnóstico da saúde de suas populações masculinas. A conclusão é que, quando o assunto é saúde, a maioria dos homens são resistentes a prevenir e a cuidar da saúde e da qualidade de vida, por motivos culturais.
Segundo estudos do Ministério da Saúde, a população masculina geralmente procura os serviços de saúde por meio da atenção especializada, já com o problema de saúde detectado e em estágio de evolução. “E, muitos deles também não seguem os tratamentos recomendados”, observa José Luiz Telles.
“A prevalência de mortes entre os jovens tem motivo. A ‘masculinidade’ do homem das Américas é construída a partir de uma cultura de autossuficiência, o que os faz sentirem-se invulneráveis e a correr mais riscos”, analisa José Luiz Telles, diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (Dapes) do ministério, área responsável pela Coordenação de Saúde do Homem.
Diagnóstico do homem: violência e trânsito lideram as causas de morte
No Brasil, por exemplo, violência e acidentes de trânsito são responsáveis por 41% das mortes na faixa etária entre 20 e 24 anos. Entre os homens brasileiros, 82% das vítimas de morte por acidente de trânsito acontecem nesse grupo.
Além disso, na população brasileira, do total de fumantes, 19% são adultos do sexo masculino, enquanto 12% são do sexo feminino, segundo a pesquisa Vigitel/2009. O estudo também mostrou que 18% dos homens não praticam nenhuma atividade física, contra 9% das mulheres.
No Brasil, na faixa etária de 18 e 50 anos, morrem três vezes mais homens do que mulheres. De forma geral, a população do sexo masculino morre entre 5 e 8 anos mais cedo do que a feminina.
“Eles estão mais expostos a acidentes de trânsito e de trabalho. Por isso, os homens apresentam mais problemas de saúde do que as mulheres e vivem, em média, 7,6 anos menos”, explica Telles.