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Brasil tem condições de dobrar contingente de militares no Haiti

Se a Organização das Nações Unidas (ONU) pedir, o Brasil tem condições de dobrar o número de militares na Missão para a Estabilização do Haiti (Minustah), que hoje é de 1.266 homens, segundo o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri. Nesta segunda-feira (18), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que será necessário um contingente adicional de 3.500 homens para atuar no Haiti – 1,5 mil policiais e 2 mil soldados.

De acordo com general, há possibilidade de recrutar novos voluntários entre os cerca de 10 mil soldados e oficiais que estiveram desde 2004, quando o Brasil assumiu o comando da missão no país caribenho, devastado por um terremoto no último dia 12. No entanto, esclareceu Enzo, caberá à ONU definir o número de soldados que cada país poderá enviar ao Haiti.

“Já temos mais de 10 mil militares que passaram pelo Haiti. Se houver necessidade de aumentar o contingente, iremos buscá-lo entre os [militares] que aqui estão”, afirmou o comandante, durante entrevista coletiva na tarde de hoje.

A decisão de enviar mais homens ao Haiti – uma resposta a um eventual pedido feito pela própria ONU – é política e teria que ser aprovada pelo Congresso, ressaltou o comandante do Exército.

“Poderemos aumentar o quanto for necessário. Não sabemos qual cota que caberia ao Brasil, mas a disposição [de ampliar o contingente] existe”, afirmou Enzo. Cada contingente passa seis meses no país, quando é substituído por outro.

Um novo rodízio havia sido iniciado no final de semana que antecedeu o terremoto, quando 130 militares foram substituídos. Um segundo avião levando mais 130 homens estava a caminho do país quando ocorreu o tremor, impossibilitando o pouso e forçando a aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) a regressar ao país.

De acordo com o comandante, a substituição da tropa será retomada ainda esta semana e a morte de, até o momento, 16 militares, não arrefeceu o ânimo daqueles estão inscritos para servir como voluntários na missão humanitária.

“Não tivemos nenhum problema com os que estão em vias de embarcar e já estamos começando o treinamento do próximo contingente [que, daqui a seis meses, substituirá o que vai viajar a partir desta semana]. O risco é inerente à profissão militar e é preciso registrar que as mortes que ocorreram, e que lamentamos, ocorreram em decorrência de uma catástrofe natural e não de uma missão”, disse Enzo.

O general informou que os parentes das vítimas receberão uma indenização que já está sendo providenciada. Ainda segundo ele, os soldados e oficiais mortos serão homenageados durante uma cerimônia, para a qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já foi convidado, em Brasília. A expectativa do Exército é de que os corpos das 16 vítimas cheguem ao Brasil nesta quarta-feira (20).