Ao participar ontem (23) das comemorações de 60 anos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a presidenta Dilma Rousseff destacou a necessidade de construção de um consenso em torno do novo Código Florestal, que tramita no Senado. Dilma defendeu que o Brasil é capaz de aliar o crescimento da produção agrícola com a preservação das florestas.
“Eu sei que muitos passos foram dados nesta direção [do diálogo e consenso]. O Brasil não precisa e não pode contrapor seu papel de potência agrícola à preservação de nossas riquezas naturais, da nossa biodiversidade. Talvez sejamos o único país do mundo que tem condições de ser potência agrícola e energética sem deixar de ser potência de biodiversidade e de respeito ao meio ambiente”, disse a presidenta.
Ontem (22), a Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou o texto-base do relatório do senador Jorge Viana (PT-AC) sobre o novo Código Florestal Brasileiro. O relator recuou e acatou uma das reivindicações da bancada ruralista e estendeu também aos grandes produtores rurais o direito de converter multas por desmatamento, aplicadas até 2008, em recuperação das áreas destruídas. Inicialmente, o relator havia concedido o benefício somente aos produtores de pequeno porte e a agricultores familiares.
A expectativa é que a comissão conclua a votação das emendas e dos destaques ao texto amanhã (24). O texto final seguirá, então, para apreciação do plenário do Senado.
Diante das queixas dos agricultores por melhor infraestrutura, como rodovias e ferrovias, para escoamento da produção, Dilma disse que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) já prevê obras para solucionar parte desses problemas. Ela, porém, reconhece que o país necessita de um plano sistemático de investimento no setor, que não esgote ao final de um governo. “Eu sei que eles [problemas de infraestrutura] são muitos. Antes de ser presidenta, eu coordenei o esforço do governo federal para investir sistematicamente em infraestrutura”, disse.
Em seu discurso, Dilma reiterou que o país está preparado para enfrentar um possível agravamento da crise econômica na Europa, com um extenso mercado interno e inclusive com espaço para ajustes na política econômica. A presidenta voltou a defender que a geração de empregos e estímulo à economia são as melhores armas para enfrentar a crise. “Não somos uma ilha, mas também não somos um país desprotegido. Pelo contrário, somos um país protegido pelo seu imenso mercado interno”, disse.
A presidenta destacou ainda que uma das prioridades do governo é adotar medidas para preservar a renda da classe média. “A classe média não pode ser pobre. Ela tem que ser capaz de dar não só sustentação econômica, mas criar um tecido social que permita que tenhamos uma verdadeira cidadania no país”.