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Meio Ambiente

Brasil encerra participação na Cúpula do Clima com resultados históricos

Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26) chegou ao fim

AConferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26) chegou ao fim e a delegação do Brasil, chefiada pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, deixou Glasgow, na Escócia, com relevantes conquistas e importantes comprometimentos firmados para engajar o mundo em direção a uma nova economia verde. Entre os anúncios feitos no estande do país no evento, destacam-se os compromissos de redução das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) pela metade até 2030, com neutralidade em 2050, e de zerar o desmatamento ilegal dois anos antes do prazo anterior, em 2028; a assinatura da declaração das florestas e a revisão das metas de produção de metano.

Tanto no estande brasileiro quanto no discurso do ministro Joaquim Leite no plenário da Conferência, o país destacou suas prioridades, como a regulação do mercado internacional de créditos de carbono – parte do chamado artigo 6 do Acordo de Paris – e a necessidade de metas mais ambiciosas para o financiamento internacional dos países desenvolvidos à preservação ambiental. A proposta do Brasil era elevar o patamar de apoio financeiro dos países desenvolvidos para atingir a neutralidade de carbono até 2050 em todo o planeta, para um trilhão de dólares anuais, de modo a emplacar uma nova agenda verde, garantindo geração de empregos e riqueza. Ao mesmo tempo, o país discutiu de forma construtiva as salvaguardas para o Redd+, instrumento para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus resultados relacionados à recuperação e conservação de suas florestas.

Desde o início da conferência, o governo brasileiro demonstrou à comunidade internacional que se preocupa com o meio ambiente e o clima, e que é protagonista e parte da solução global para esse desafio. Vale dizer que o esforço vem de meses atrás. Em setembro, o ministro Joaquim Leite iniciou uma série de cerca de cem reuniões com representantes de países de todas as regiões do mundo para chegar a um consenso durante a conferência do clima.

Essa atitude flexível e proativa foi reconhecida publicamente por outros negociadores e surtiu efeito na mesa da COP26. No último sábado (13), o presidente da cúpula, Alok Sharma, anunciou a aprovação do artigo 6 do Acordo de Paris, criando assim, o mercado global de carbono. “Isso é fantástico para o Brasil, para a América Latina, para quem tem floresta nativa. Um imenso desafio, principalmente pela resistência dos maiores poluidores em relação aos recursos para o fundo de adaptação, o que quase bloqueou as negociações. Mas o Brasil será um gigante exportador nessa nova economia verde, é uma oportunidade única”, explicou Joaquim Leite lembrando o papel fundamental da equipe do Ministério de Relações Exteriores no encaminhamento do tema.

O protagonismo do Brasil nas negociações foi reconhecido por outras nações. O ministro Joaquim Leite recebeu no estande brasileiro John Kerry, enviado especial americano para negociações climáticas, Frans Timmersmans, vice-presidente da Comissão Europeia, e Xie Zhenhua, enviado especial da China para Mudanças Climáticas. Além das reuniões no espaço brasileiro, durante a plenária, a delegação brasileira recebeu cumprimentos de representantes de diversos países que parabenizaram os negociadores brasileiros pela postura engajada e construtiva do Brasil durante as negociações para alcançar o consenso e sucesso no resultado final.

Brasil real

Vários números sobre o “Brasil real”, as vezes pouco conhecidos, ganharam espaço na COP26, como a base renovável de 84% da matriz elétrica nacional, gerando um recorde de empregos em energias solar e eólica; os 16 milhões de hectares de florestas nativas já em recuperação; os quase 28 milhões de hectares de pastagens degradadas restaurados pela agricultura de baixo carbono; o maior programa operacional do mundo de biocombustíveis; e um programa de gestão de resíduos sólidos, que já reduziu em 20% o número de lixões a céu aberto.

As ações integradas entre ministérios e órgãos de fiscalização, o reforço orçamentário – dobrando os recursos destinados às agências ambientais – e de pessoal para o combate aos crimes ambientais também foram tratados. Na questão de financiamento, o país destacou 50 bilhões de dólares já disponíveis em bancos federais, para projetos sustentáveis em diversos setores, além do lançamento de um fundo de R$ 500 milhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Floresta Viva.

Também ganharam destaque iniciativas como a plataforma digital do Programa Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais, Floresta+) – o novo sistema vai gerenciar o pagamento a pessoas físicas e jurídicas que desenvolvem projetos de conservação em áreas de preservação permanente (APPs) e reservas legais; o lançamento recente das bases do Programa Nacional de Crescimento Verde, voltado à redução de emissões, conservação florestal e uso racional de recursos naturais; o Águas Brasileiras, com objetivo de chegar a 100 milhões de árvores plantadas; e a transformação no modal logístico, para o ferroviário, com mais de 5.000 km de novos trilhos, representando uma redução de 75% das emissões no transporte de cargas.

“Sem dúvida alguma, cumprimos nosso papel nesta COP do Clima. Criamos o mercado global de carbono, fizemos importantes anúncios que colocam o Brasil como parte da solução e engajamos o mundo rumo a uma nova economia verde”, comemorou o ministro Joaquim Leite. “O Brasil real foi apresentado mundo. O Brasil que cuida do meio ambiente, que gera empregos verdes, que tem ambientalismo de resultado. Esse é o nosso Brasil”, finalizou.