No próximo fim de semana, as atenções estarão voltadas, segundo especialistas, para o Brasil e os Estados Unidos durante os debates da 6ª Cúpula das Américas, em Cartagena das Índias, na Colômbia. No encontro, estarão reunidos 34 presidentes e primeiros-ministros. A presidenta Dilma Rousseff deve viajar hoje (13) para Cartagena, onde fica até o dia 15.
As discussões se dividem em reuniões sobre comércio, integração energética, tecnologia da informação e prevenção de desastres. Porém, a pedido dos Estados Unidos, deve ter um debate ampliado sobre o combate ao narcotráfico nas Américas. O Brasil deve ser mencionado porque é um dos principais caminhos das drogas na área e, por isso, indicado como parceiro-chave na região.
Dilma e os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Colômbia, Juan Manuel Santos, deverão se reunir amanhã (14) de manhã. Com Santos, Dilma deve abordar os esforços de cooperação entre os dois países.
De acordo com especialistas, o Brasil é considerado o segundo maior consumidor de cocaína do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Há três anos, estimava-se que a droga era consumida por cerca de 900 mil pessoas. Os Estados Unidos, segundo dados oficiais, têm aproximadamente 5 milhões de usuários de cocaína.
O governo norte-americano investiu US$ 1,1 bilhão (cerca de R$ 2 bilhões) por ano até 2010 no chamado Plano Colômbia. O plano estabelece financiamento, treinamento e apoio para o governo colombiano combater as guerrilhas e o tráfico. Porém, para países vizinhos, o plano conjunto é avaliado como uma ameaça à soberania de suas fronteiras.
Em janeiro deste ano, o Brasil, a Bolívia e os Estados Unidos firmaram um acordo para controlar e erradicar a produção excedente de coca em território boliviano. Segundo o acordo, os norte-americanos fornecerão técnicos e equipamentos de satélite, o Brasil, a capacitação, e a Bolívia, pessoal e apoio logístico.
O assessor especial da Casa Branca para a América Latina, Dan Restrepo, disse que acordos desse tipo são bons exemplos de cooperação na região. “O acordo inclui o Brasil na equação de uma maneira que o país, francamente, nunca esteve no passado”, observou. “À medida que o consumo de drogas se alastra pelas Américas, a resposta e a responsabilidade de lidar com esse desafio também têm de se expandir.”
Ex-presidentes, como Fernando Henrique Cardoso (Brasil), Vicente Fox e Ernesto Zedillo (México) e Cesar Gaviria (Colômbia), já expressaram seu apoio a propostas de descriminalização ou até legalização – embora só o tenham feito após sair do poder. “A descriminalização não é uma solução nem uma opção viável, porque não vai acabar com o crime transnacional organizado”, disse Restrepo.