As mudanças estruturais na política e economia de Cuba são acompanhadas atentamente pelo governo do Brasil. Para o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, a abertura da economia, a renúncia do ex-presidente cubano Fidel Castro ao comando do Partido Comunista (PCC) e outras alterações anunciadas recentemente são positivas. De acordo com o chanceler, Cuba passa por um “momento de transição importante”.
O porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, disse à Agência Brasil que o chanceler brasileiro elogiou as mudanças anunciadas nos últimos dias pelo governo do presidente de Cuba, Raul Castro. “É um momento de transição importante que o Brasil apoia”, disse Patriota, por meio do assessor. “Cuba é um país próspero e sólido”, afirmou o ministro, segundo Nunes.
Ontem (19), depois de 46 anos à frente do Partido Comunista de Cuba, Fidel anunciou sua saída do cargo de primeiro-secretário. No lugar dele foi eleito Raúl, o irmão, que também em 2008 assumiu a Presidência da República – após a decisão de Fidel de deixar o cargo devido a problemas de saúde.
Paralelamente, o Partido Comunista de Cuba aprovou uma série de medidas que interferem diretamente na economia e política do país. A ideia é limitar os mandatos dos ocupantes de cargos públicos em até dois de, no máximo, cinco anos cada. Também há a sinalização de que os jovens passarão a ter mais presença no governo e no partido, embora as principais funções da legenda permaneçam sob o comando de antigos políticos.
Na economia, Cuba permitirá as negociações diretas entre os proprietários de imóveis para que façam compras e vendas de seus bens, sem interferência do Estado. Antes, esse tipo de negociação era considerada improvável em meio às regras, à burocracia e aos intermediários. Há ainda um estímulo do governo para que os funcionários públicos passem a aderir ao programa de demissão voluntário e abram negócios privados.
Para Patriota, o governo de Cuba desenvolve programas nas áreas de educação e saúde no Haiti, demonstrando sua relevância no cenário internacional. Segundo o chanceler, o governo cubano já evoluiu nos campos de direitos sociais e liberdades públicas, mas ainda há um “caminho a percorrer”.
Em relação ao Brasil, Cuba acompanha o processo de desenvolvimento dos biocombustíveis. O assunto interessa ao governo cubano, que sofre com a carência de combustíveis e energia no país, mas ainda desperta receio por parte das autoridades que temem que o uso da cana de açucar como geradora de combustível e energia substitua a alimentação.