Alunos do Projovem Urbano ainda não receberam a bolsa no valor de R$ 100/mês
Aline Santos Matos tem apenas 20 anos, é casada, mãe de dois filhos e já carrega o terceiro na barriga. Seu marido é trabalhador, mas não tem renda fixa. Grávida de três meses, a jovem mãe que só estudou até a 5ª série é uma das alunas inscritas em Penedo no Projovem Urbano que ainda não recebeu a bolsa no valor de R$ 100 que o programa oferece. Os professores também ainda não tiveram o salário de aproximadamente R$ 1.200, 00 depositado na conta corrente, atraso que já ultrapassa o segundo mês e também acontece nas demais cidades de Alagoas.
“Até agora nada de dinheiro, está todo mundo reclamando e não vou mentir, eu entrei no programa para terminar os meus estudos e por causa dos R$ 100. Com esse dinheiro eu vou comprar o enxoval do meu bebê”, disse a aluna Aline Santos ao portal de notícias Aqui Acontece na noite desta quinta-feira, 05. Além da conclusão do ensino fundamental, ela cursa aprende Turismo, a segunda opção do curso técnico paralelo. A outra opção é Piscicultura, com todas as aulas na Escola Municipal Freitas Cavalcante, situado no bairro Raimundinho.
14 professores e 10 turmas, com cerca de 35 alunos cada
Uma das 14 professoras das dez turmas abertas em Penedo, cada uma com média de 35 alunos, confirmou ao site que também ainda não teve o salário depositado em sua conta corrente. Joyce Cajé, 28 anos, ensina Português e já sabe até o que vai fazer com o pagamento. “Eu comecei uma pós-graduação em Língua Espanhola em Aracaju e esse dinheiro vai me ajudar”, disse a professora que reside em Neópolis-SE e gasta diariamente R$ 3,50 para trabalhar em Penedo, custo da travessia (ida e volta) do rio São Francisco numa lancha de passageiros.
Na noite desta quinta-feira, Joyce recebeu o informe de mais reunião realizada em Maceió para tratar do atraso no pagamento da bolsa dos alunos e salário dos professores. O encontro com a coordenação estadual do Projovem Urbano – que está sob a responsabilidade da Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos – aconteceu na manhã de ontem (quinta-feira, 05). Segundo o que foi repassado à professora, a regularização dos contratos entre professores e o Estado está praticamente resolvida, burocracia que falta para a liberação do pagamento.
Paralisação por 24 horas dos professores
Ana Carolina Figueredo Leite atua no Projovem Urbano em Penedo. Educadora de Participação Cidadã, ela faz a ponte entre o programa em Alagoas e os professores, participou do encontro em Maceió e confirmou ao site a informação passada aos professores. Contudo, esta não é a primeira vez que se divulga a proximidade da solução dos atrasos. Até uma paralisação por 24 horas já aconteceu, greve dos professores que suspendeu as atividades do Projovem Urbano em todo o Estado.
Tudo isso estaria acontecendo por conta da mudança no comando da pasta do governo estadual que gerencia o Projovem Urbano em Alagoas. Antes de assinar documentos, a nova titular decidiu avaliar os programas tocados na pasta, o que resultou nos atrasos e até na suspensão da merenda. Há 15 dias, nenhum um biscoito é servido aos alunos. “No primeiro mês e até os 15 primeiros dias do segundo tinha comida todo dia, macarronada, arribação, suco. Agora não tem nada”, reclamou um dos alunos que acompanhavam a reportagem.
Em relação à merenda, a licitação para a compra também já estaria resolvida. “Provavelmente, na semana que vem a merenda deve chegar às escolas”, disse Ana Carolina. Sobre a bolsa dos estudantes, os alunos foram avisados nas salas que assim que o depósito estiver na conta de cada um, eles serão informados sobre a liberação para o saque da quantia.
Atualizado às 18 horas