O serviço deveria ser custeado pela justiça eleitoral, mas em Penedo o transporte de eleitores no dia da votação é bancado por coligações partidárias. Por meio de acordo costurado nos bastidores, as coligações depositam o valor necessário para custear o transporte em conta bancária de um dos membros da comissão de transporte responsável pelo serviço no dia do pleito e repassa o pagamento aos donos dos veículos no dia seguinte à eleição.
A estratégia não tem amparo legal, tanto que as coligações não podem sequer declarar o custo como gasto de campanha para a justiça eleitoral, a mesma que aparece na papelada de cada pleito como fonte pagadora do transporte. A denúncia grave consta em meio às justificativas apresentadas por nove partidos políticos que reivindicam o retorno de urnas para quatro povoados do município, comunidades maiores que passariam a funcionar como pólos para as demais que seriam atendidas por meio de transporte coletivo, com percurso menor e de controle mais fácil.
A medida visa coibir o aliciamento de eleitores, conforme conta na solicitação entregue ao juiz Claudemiro Avelino que se comprometeu em estudar a mudança que, se for acatada, deverá ser implantada junto com o período de recadastramento biométrico porque os eleitores da zona rural precisarão declarar no cartório eleitoral que não querem mais votar nas seções que funcionam em Penedo.
Além disso, os moradores do campo precisarão apresentar documento que comprove residência na zona rural para ter de volta o direito de escolher representantes sem precisar passar muito tempo longe de casa. No sistema atual, os eleitores são transportados em ônibus de má qualidade e que circulam por estradas precárias, ficam horas à toa na cidade, em muitos casos com fome, e às vezes ainda perdem o retorno.