O estádio Rei Pelé foi o palco de mais uma demonstração de grandioso provincianismo por parte dos torcedores alagoanos, para todo o Brasil. Na partida Murici x Flamengo, ficou claro e evidente o quanto não temos identidade própria, pois a grande maioria do público presente, mesmo sendo de conterrâneos, torciam ávidamente pela vitória da equipe carioca.
Diante desse fato eu questiono: onde está a nossa alagoaneidade, o nosso bairrismo, ou até mesmo o ufanismo? Será que os inúmeros escândalos dos mais diversos tipos, que sempre acontecem por aqui, fizeram com que a nossa auto-estima fosse tão para o fundo do poço, que não somos mais capazes de torcer por quem representa o nosso já combalido Estado?
Sinceramente, por mais que me deem explicações, não posso aceitar e não aceito meeeesmo, que um time do nosso Estado, jogando diante de um outro que é visitante, mesmo sendo o Flamengo, a maior parte dessa massa seja torcedora do “inimigo”.
Ao olhar os Estados mais pobres da nossa paupérrima região, noto claramente esse tipo de provincianismo bem exacerbado. Em Sergipe, Alagoas e Paraíba, além de Piauí e Maranhão, a paixão clubística pelos times da terra não são suficientes para fazer frente ao apelo dos maiores times do sul e sudeste do país.
O interessante é que nos maiores centros do nosso nordeste, no caso, Bahia, Pernambuco e Ceará, esses tristes fatos não acontecem, pois existe a personalidade própria e uma identidade de proporções gigantescas para com as coisas do próprio Estado. Um dia quem sabe, eu possa ver uma Alagoas com seu povo se ufanando do seu futebol, das suas equipes, enfim, do seu futebol. Por ora e diante do que aconteceu nessa partida da Copa do Brasil, sinto uma enorme decepção por ser alagoano, principalmente, um desportista alagoano.
Diante daquele triste espetáculo proporcionado pelos inúmeros torcedores “‘alienados” do nosso Estado, ontem, no Trapichão, eu só posso dizer: lamentável, lamentável e lamentável.
