Diante da constatação inequívoca do declínio técnico do futebol no mundo todo, vale a pena lembrar, com muito saudosismo, que o Metre Telê Santana Silva estaria completando 80 anos, nessa terça-feira(26/07), completamente voltados para a arte de um espetáculo chamado futebol.
Possuidor de personalidade forte, Telê sempre marcou presença nos times que dirigiu, se sagrando campeão em quase todos eles. Amante do futebol-arte, Telê sempre exigiu disciplina aliada ao talento, nos seus comandados.
A genialidade do maior treinador de futebol que tive a oportunidade de conhecer era tamanha que, mesmo perdendo duas Copas do Mundo, sempre foi respeitado e ovacionado nos mais diversos estádios do Brasil.
Se levarmos em conta o passionalismo do nosso torcedor, temos que reconhecer essa proeza do Mestre Telê. Tudo bem que o mesmo adquiriu a fama de pé-frio ao perder duas Copas consecutivas, mas o torcedor jamais esquecerá a arte espetacular daquela Seleção de 82, que marcou época no futebol mundial e que sucumbiu, infelizmente, naquela fatídica tragédia do estádio Sarriá, em Barcelona.
Mesmo assim, a beleza do futebol da nossa esquadra, continuou inigualável, pois ninguém mais viu um selecionado repetir aquela plasticidade para se jogar o esporte mais popular de todos. Sócrates, Cerezo, Falcão, Junior e Zico foram capazes de encantar os torcedores dos mais diversos países. Tudo isso, sob a batuta do velho “Fio de Esperança,” apelido que Telê ganho, ainda na adolescência.
Telê Santana não inventou o “futebol bonito”, tão idolatrado internacionalmente por todos os amantes deste esporte, mas se a seleção brasileira um dia foi conhecida por esse jeito peculiar de fazer arte com a bola nos pés, ele com certeza tem uma enorme parcela de responsabilidade por isso.
Acima dos títulos, o maior legado que o Mestre nos deixou foi, principalmente, o de uma filosofia de jogo. Futebol que era espetáculo, show, arte, enfim, que nos motivava para irmos ao estádio, algo difícil de acontecer nos dias de hoje.
Tudo funcionava como se a vitória, objetivo maior de qualquer esporte, ficasse num segundo plano quando o time comandado por ele estava em campo. O melhor de todos os técnicos, para mim, privilegiava, mais do que qualquer coisa, o espetáculo. A vitória era uma uma conseqüência – ou uma recompensa – de uma bela atuação dentro das quatro linhas.
Se “futebol bonito” está tão ausente nos times brasileiros e, também, na seleção nos dias de hoje, é certo que a presença/filosofia de Telê Santana, mesmo aos oitenta anos de idade, poderia mudar, para bem melhor, essa realidade.
Hoje, ao ver os inúmeros melancólicos espetáculos de futebol, nos mais distantes rincões desse planeta bola, só me resta lamentar, dizendo: Saudades, saudades e mais saudades de você, meu prezado e querido Telê!