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Quebra de mastro adia viagem da Luzitânia

Desenho da quebra do mastro da Luzitânia feito por Carlos Eduardo Ribeiro Jr

Estava tudo pronto para Luzitânia zarpar, mais uma vez, das imediações da foz do “Velho Chico” para subir o rio em direção ao Sertão. A passagem da canoa de tolda recentemente tombada pelo Iphan como patrimônio material e imaterial brasileiro aconteceria domingo passado e poderia ser observada por quem estivesse em Penedo, que celebrava o Bom Jesus dos Navegantes, mas um imprevisto adiou a retomada do percurso registrado no documentário “De Barra a Barra” (Doc TV Brasil 2009).

Para ilustrar a notícia, reproduzo abaixo a mensagem enviada ao blogueiro pelo ‘capitão’ da Luzitânia, Carlos Eduardo Ribeiro Júnior, um dos responsáveis pela Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco Canoa de Tolda, ONG que restaurou a Luzitânia, salva do naufrágio iminente graças ao empenho de Eduardo e dos mestres canoeiros que atuaram na recuperação da embarcação símbolo dos ribeirinhos de Alagoas e de Sergipe. Segue o relato:

“Pois assim é: como toda boa canoa de tolda, andada, vivida, um dia a Luzitânia teria que passar por isso, em nossas mãos. No domingo passado, dia 9, após sair de Brejo Grande, ainda no riacho pequeno, perto da boca de cima da Ilha da Teresa – chovia muito – o mastro de proa veio abaixo, na altura do beque de proa (estrutura que liga a tolda ao bico da canoa).

Foi um susto, porém ninguém se machucou, ou tampouco os danos (além do mastro) foram grandes. A canoa está intacta. Após cerca de uma hora na água, a maré já descia forte, conseguimos embarcar todo nosso material (pano, verga, pino, cabos, moitões, etc) sem qualquer perda. Tudo foi rebocado de volta a Brejo Grande. Nossos equipamentos, materiais, víveres foram desembarcados, a canoa foi reorganizada, limpa.

O mastro está em terra, e feita a análise preliminar, constatamos que havia um problema no cerne da madeira, sem fibras longas. Temos um problema a resolver, pois é difícil conseguir-se uma peça semelhante (pau d'arco – o ipê, sapucaia de pilão). Vamos tentar uma solução de refazer o pé do mastro, emendando um segmento (cerca de 1,10 m) no topo. Independente disso, teremos que obter mastros de reserva: mais despesas, além da dificuldade. Aproveitaremos para fazer melhorias no mastro da popa.

Desta forma, não temos previsão de quando poderemos botar a canoa para cima. Também tivemos que adiar o início de nosso próximo documentário, além do levantamento de patrimônio cultural do Baixo São Francisco.

Como não tivemos qualquer condição de documentar com fotos o acontecido, enviamos a vocês os esboços ligeiros de nosso bloco de viagens.”