Noites dessas percorri as ruas de pedras do Penedo, molhadas pelas pérolas de chuva que brilhavam no parabrisa do meu carro.
Minha Penedo é assim: uma cidade mágica, que emociona e enternece, mas o que vi é de entristecer.
Vi uma cidade sem alma, triste e encolhida como o cão encharcado que atravessou a rua em busca de abrigo.
Uma cidade que espera, melancólica e apática, por dias mais prósperos, onde sua riqueza, gerada pelos que a amam e que por ela, dia a dia, colocam sua força de trabalho em tarefas simples, seja utilizada para a construção de seu desenvolvimento.
Para ver, para sentir, basta observar.
E vejo, observo e sinto a comunidade penedense fragmentada pelo desejo irreprimível de alguns em satisfazer ambições pessoais e inadiáveis.
Uma sociedade açoitada pela indiferença, pelo egoísmo, pela mentira, pela incompetência, pela desonestidade e pela ingenuidade política que permite a proliferação de todos esses males.
Alguns segmentos dessa sociedade, movidos por acordos indecentes, aceitam ser protetores de um câncer que corrói a cidade de forma invisível e compromete o seu futuro.
Nas campanhas políticas, aliás, nessas degradantes campanhas políticas em que se disputa as contas bancárias do município de Penedo, o que mais observamos é a ganância dos que querem servir-se da cidade e não servir à cidade.
Decepcionante, também, é a escassez de lideranças políticas que ofereçam condições para a renovação do comportamento político e ético do nosso povo.
Falta vocação administrativa aos nossos governantes, maior permanência na cidade (sempre que não estiverem em missão oficial, é claro!), contato com os problemas reais da comunidade e não os definidos pelo marketing político desenhado durante a campanha eleitoral ou analisados pelos aduladores de plantão.
Falta caráter, grandeza, a extinção das perseguições políticas que somente comprometem o andamento de projetos que contribuiriam para o tão sonhado desenvolvimento. Falta cortar pela raiz esse exibicionismo de poder político e econômico que alimenta o vedetismo dos sociopatas travestidos de benfeitores.
Não podemos consertar o mundo, nem o Brasil, nem a nossa envergonhada Alagoas, muito menos a histórica e tradicional Penedo, mas devemos lutar, com todas as nossas forças para transformar nossa cidade em um lugar que traduza esperança e desperte, no coração dos nossos filhos, um sentimento inabalável de defesa de seus interesses coletivos.
É verdade que às vezes é necessário gritar, mas isso não é assim tão trágico. Eu, pelo menos, graças aos cuidados de Dr. Fernando Andrade e as orientações do Dr. Geová Amorim, ainda tenho boa garganta e vou continuar usando o microfone para, através da informação, denunciar os desmandos de governos que não passam de ilusionismo institucionalizado.
