Mentira, inveja, sexo, vingança. Elementos que apimentam qualquer enredo de folhetim por pouco não provocaram mortes na vida real em Penedo. Inconformada por não dispor do padrão de vida de uma prima que estuda em escolar particular, possui telefone celular, máquina digital e roupas da moda – conforme justificativa apresentada na delegacia – uma adolescente de 15 anos apontou o dedo para o tio e o acusou por estupro.
A denúncia divulgada na Penedo FM (emissora de maior audiência no Baixo São Francisco) repercutiu na mídia alagoana. Dessa forma, ela pôs em prática sua pequena vingança contra a família do alegado autor do abuso que nunca existiu, segundo admitiu também para a Polícia Civil. Além disso, seu próprio pai também era penalizado.
Nem mesmo a convivência com o homem trabalhador, viúvo, com apenas dois salários mínimos para manter quatro filhas e uma senhora que cuida das meninas, tocou a consciência da adolescente que não mediu as consequências de seus atos. Quando o caso veio à tona, ainda restrito ao ambiente de seu lar, o pai quis matar o compadre que havia abusado de sua filha.
Ao acreditar em seu depoimento, como se espera da relação pai e filhos, ele procurou a Polícia Militar. Da PM, foi encaminhado até a delegacia, onde recebeu o encaminhamento para a realização do exame de conjunção carnal no IML de Arapiraca. Foi lá que soube pelo médico legista que sua filha havia perdido a virgindade há mais tempo do que o período declarado do tal estupro.
Decepcionado, o pai volta para Penedo e na delegacia escuta a filha negar diante dele e de uma policial que tudo o que declarou ao repórter Luiz Carlos era mentira. Sem queixa a formalizar, o pai arrasado dá o caso por encerrado. Podia ter sido pior. E se ele encontrasse o compadre que desejou matar antes da descoberta da verdade? E se a população resolvesse fazer justiça com as próprias mãos? Vale refletir para que fatos semelhantes não voltem a acontecer, evitando constrangimentos, trabalho desnecessário para a polícia e consequências mais graves, inclusive morte.