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Blogs Roberto Lopes

Advogado, Jornalista e Professor. Pós-Graduação em Comunicação e Marketing Empresarial; e mestrados em Direito Eleitoral e Direito Administrativo

Herzog, 50 anos depois – o preço da verdade em tempos de silêncio

Jornalista se tornou símbolo da coragem contra a opressão (Foto: Acervo/Instituto Vladimir Herzog)

Neste sábado, 25 de outubro, completam-se 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, um dos episódios mais marcantes da história recente do Brasil e símbolo da resistência contra a repressão durante a ditadura militar.

Conhecido como “Vlado”, Herzog era jornalista, professor, dramaturgo e fotógrafo, além de diretor de jornalismo da TV Cultura na época de sua morte. Nascido em 27 de junho de 1937, em Osijek, na Croácia, ele chegou ao Brasil ainda criança, fugindo com a família das perseguições nazistas, e naturalizou-se brasileiro.

Em 25 de outubro de 1975, Herzog foi preso e levado ao DOI-Codi, em São Paulo, sob a acusação de envolvimento com o Partido Comunista Brasileiro. Horas depois, o regime militar divulgou que o jornalista havia cometido suicídio — uma versão imediatamente contestada por familiares, colegas e entidades de direitos humanos.

Anos mais tarde, a Comissão Nacional da Verdade e a Justiça brasileira reconheceram oficialmente que Vladimir Herzog foi torturado e assassinado durante o interrogatório. Sua morte provocou grande comoção e se tornou um marco na luta pela redemocratização e pela liberdade de imprensa no país.

Legado e memória

Desde então, Vladimir Herzog é lembrado como um símbolo da defesa da verdade, dos direitos humanos e da democracia. Em sua homenagem, foi criado o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, concedido anualmente a jornalistas e comunicadores que se destacam na promoção da justiça e da liberdade de expressão.

A imagem de Herzog, publicada à época pelo regime militar para sustentar a falsa versão de suicídio, tornou-se um ícone de denúncia da violência estatal e da manipulação da informação. Cinco décadas depois, seu nome continua sendo um símbolo de coragem e resistência.

Linha do tempo – Vladimir Herzog (1937–1975)

📍 1937 — Nasce em Osijek, na Croácia (então Reino da Iugoslávia).
📍 1946 — Chega ao Brasil com a família, refugiada da Segunda Guerra Mundial.
📍 1960 — Forma-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e inicia carreira no jornalismo.
📍 1963–1975 — Trabalha em diversos veículos de imprensa, como O Estado de S. Paulo, BBC de Londres e TV Cultura, onde chega a diretor de jornalismo.
📍 25 de outubro de 1975 — É preso por agentes do DOI-Codi, em São Paulo, e assassinado durante interrogatório.
📍 1978 — A Justiça reconhece oficialmente o Estado como responsável por sua morte.
📍 2009 — O governo brasileiro pede desculpas formais à família Herzog.
📍 2013 — A Comissão Nacional da Verdade confirma que Herzog foi vítima de tortura e execução.
📍 2025 — Cinquenta anos depois, seu nome permanece como referência ética e símbolo da luta pela liberdade.

“Herzog vive na memória de todos que acreditam na verdade”

A morte de Vladimir Herzog provocou um dos maiores movimentos civis contra o regime militar. O ato ecumênico realizado na Catedral da Sé, dias após o assassinato, reuniu milhares de pessoas em um protesto pacífico que marcou o início da reação da sociedade civil à repressão.

Meio século depois, o legado de “Vlado” segue inspirando jornalistas, ativistas e cidadãos comprometidos com a democracia e os direitos humanos — lembrando que o direito à verdade e à liberdade de expressão são conquistas que precisam ser defendidas todos os dias.