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Emissora faz cinquentenário sem comemoração alguma

Sonoplasta Carlos Garapa com o garoto José Luís Passos

Transcorria o mês de abril em 2008, quando recebí um telefonema do Rio de Janeiro, mais precisamente do conterrâneo Antonio Manoel, conceituado e renomado jornalista penedense, residindo a algumas décadas na Cidade Maravilhosa. Naquela ocasião, o cumpadre do meu saudoso pai, me questionava para saber como andavam os preparativos para as significantes comemorações que aconteceriam em 2010. Pela ordem, o centenário do Penedense em janeiro e o cinquentenário da Emissôra Rio São Francisco, a voz da unidade nacional em agosto. Respondí-lhe que ainda era cedo e que até aquela data (Abril/08), não sabia de nada. Continuando a conversa, comentei com Antonio que o Sport Club Penedense passava por um momento de turbulência naquele momento, estando em conflito com a Federação Alagoana de Futebol e eu não poderia preconizar absolutamente nada em relação ao alvi-rubro do Cajueiro Grande no ano do seu centenário.

Sobre o outro questionamento, o cinquetenário da AM São Francisco, disse-lhe acreditar que a mesma deveria realizar um grande evento para comemorar uma data de tamanha magnitude para toda a sociedade penedense.

Passaram-se os meses, chegou 2009 e logo no dia 03/01, data alusiva ao aniversário do nosso time de futebol, não tivemos a equipe disputando o campeonato alagoano, justamente no ano do centenário, ficando a comemoração restrita a uma solenidade religiosa que aconteceu no velho e tradicional Dr. Alfredo Leahy.

Restava então o cinquentenário daquela que foi a primeira rádio do interior alagoano. Esperava eu que não passasse em branco as duas datas mais importantes da velha escola do rádio penedense. A primeira, no dia 25/04 quando, de forma experimental, colocada através da Diocese e com um transmissor Telefunken de 250g, foi ao ar a ZYL 20. Infelizmente, nada aconteceu. A segunda, no dia 29/08, data oficial do início dos trabalhos daquela emissôra, sob a batuta do Pe. Hidelbrando Guimarães. Novamente fiquei decepcionado, pois absolutamente nada alusivo aos 50 anos daquela emissôra aconteceu.

Como penedense que sou e principalmente filho de um dos primeiros locutores daquela casa, fiquei bastante entristecido com esse fato. Acho que a casa e aqueles que ajudaram a fazer aquela instituição, vivos ou mortos, comungam da mesma opinião desse colunista.

Vale lembrar que daquela rádio saíram vários nomes que se destacaram no rádio-jornalismo local e nacional, me atrevendo para os mais nostálgicos em citar os nomes de alguns deles, pedindo desculpas antecipadamente se esquecer alguns. Vejamos: Antonio Alfredo Leite, Antonio Fernando Lima (Coroinha), Antonio Correia, Antonio Vieira, Antonio Manoel, Andrade Filho, José Abílio Dantas, Elias Rocha, Luílton Roosevelt, Sabino Romariz, Stênio Reis, Severino Alves, Veríssimo Guimarâes Neto e meu pai Haroldo Leahy Lessa.

Essas foram algumas pessoas que levaram o nome de Penedo além fronteiras através das ondas médias inicialmente e depois das ondas tropicais da pioneira do interior, AM São Francisco. Além desses, outros nomes também passaram pela escola do rádio local, senão vejamos: José Arnaldo Oliveira, José Pinheiro Santos, Geraldo Magela, Márcia Andrade, Ubiratan Guimarâes, Agapito G. da Silva, Alves Correia e Carlos Roberto Lisboa Tavares (Garapa).

Se não bastasse todos esses nomes, digo que atualmente alguns dos principais nomes do rádio em Penedo também foram formados ou passaram pela cinquentenária 1490. Vejam os exemplos: Francisco Santos, Marta Mártires, Bob Lemos, Lula Costa, Luizão, Euzébio Santos, José Luís Passos, Váldi Fernandes e os calouros Rafael Medeiros e João Lucas, esse último, atualmente em Arapiraca.

Quero aqui, em nome de todos eles e sem procuração para tal, externar o meu repúdio pelo que infelizmente aconteceu (amnésia ?).

De quem é a culpa? será da Diocese? ou da gerência administrativa da empresa? não sei e pouco importa agora, decorridos mais de trinta dias da data oficial da inauguração da rádio. Independentemente de tudo, acho que estamos perdendo algumas coisas que tínhamos em protusão: ufanismo e memória. Essas coisas sempre estavam presentes quando o assunto era Penedo, sua gente e suas histórias seculares.

Precisamos resgatar urgentemente tudo isso para valorizarmos as nossas coisas e nosso povo, fato que nítidamente não aconteceu nesse episódio.

Cada vez mais, fica clara a necessidade de termos compromisso com a Mui Sempre Leal e Valorosa Penedo, pois povo sem memória é povo sem história. Para encerrar digo que tudo isso foi lamentável, lamentável e lamentável.